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De um prato ladeiro,
Escorrem olhos de fome,
Sorvem-se os cacos sem nome,
Cheira a pólvora de um tiro certeiro,
Engole-se a derradeira vergonha por inteiro,
Mastiga-se a consciência com ódio que consome!...
Todos os Homens são Almas de bem,
Todas as mulheres são anjos imperfeitos,
Os sonhos acordados são corações desfeitos,
São insónias servidas à mesa por alguém,
Fome adormecida na cama de ninguém,
Um azedo sabor servido por eleitos!...
Esposas Amadas são anjos perfeitos,
E os Filhos também!...
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Que se mate logo essa fome do homem,,,de ser feliz,,,de existir...abraços de bom dia pra ti amigo...
ResponderEliminarUm belo equilíbrio
ResponderEliminarna assimetria
O discurso artístico numa cena poética e dolorosa, e o poema “Pólvora à mesa” inflama o uniVerso d’Alma e d’almas, na imagem que é impactante à paisagem.
ResponderEliminarA caracterização da fome não está na mesa, mas no horizonte, causa e efeito [“De um prato ladeiro, / Escorrem olhos de fome,”] do alimento que falta, gerando a miséria e consequentemente a violência [“Cheira a pólvora de um tiro certeiro,”]. A sensibilidade d’Alma aos fenômenos sociais segue o ritmo da alimentação proporcional à fome [“Escorrem / Sorvem-se / Cheira / Mastiga-se / Engole-se”] e além de distingui-la claramente do apetite a prática poética conduz ao conflito social [“...a consciência com ódio que consome!... /...a derradeira vergonha por inteiro,”] que não nega a história que é de responsabilidade coletiva.
Os versos inversos, não contrários, e a culpa. Ou a absolvição na justificativa da família [“Todos os Homens são Almas de bem, / Todas as mulheres são anjos imperfeitos,”]. Sacrificando a poesia em detrimento da razão, diVersa, o provimento exclusivo à culpa prevalece sobre a não culpa dos inocentes culpados [“São insónias servidas à mesa por alguém, / Fome adormecida na cama de ninguém,”] e o poema recupera a sua força poética à coerência da credibilidade d’Alma como autor-sujeito e incita a reflexão: “Um azedo sabor servido por eleitos!... / Esposas Amadas são anjos perfeitos, / E os Filhos também!...”.
A educação. É verdade!
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Desconcertantes! O alvo, o tiro e a poesia. Uma garfada fatal aos estômagos que desconhecem a origem da fome, ou que fingem desconhecer, no alimento que ludibria a consciência, inconsciente.
ResponderEliminarE sobre(a)mesa mais um belo poema!
ResponderEliminarBjs dos Alpes
São tiros certeiros que dão vida à vida., que transformam e que contrariam a desdita de um dia ter sido aquilo que esperávamos, mas que o tempo se encarregou de adiar, para aquele momento em que se fez sentir urgente.
ResponderEliminarBelo click.
Beijos
Manu