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Aquela pedrinha,
Ali sempre quietinha,
Nunca se queixava;
Batia-lhe, batia-lhe,
E não pestanejava,
Doía-lhe, doía-lhe,
E ali ficava!...
No regresso de cada patuscada,
Presságio e arrepio do que não pedira,
O monstro desaustinado, bêbado de ira,
Corria a Pedrinha à pedrada,
E por cada uma que lhe acertava,
Entumecia pelo ciúme que o impelira!
Depois, com o remorso, vinha a covardia,
Fugia o covarde para bem longe da Pedrinha,
Esquecia a Justiça que na pedra merecia,
Mas não a pequena Pedra mansinha!...
Num dia cinzento, quis a Pedra fugir,
Mas não tendo amigos para onde ir,
Ali ficou!...
Num Inverno em que Sol não havia,
Sentiu que a sorte mudava;
A Pedrinha, que antes sofria,
E pelos castigos aguardava,
Agora já não aguentava,
Veio mais um que a possuía,
Mais um que seu sofrimento não via,
Se um a magoava,
O outro lhe batia!...
Apostavam ambos a Pedrinha,
Naquele cruel jogo da Vida,
Todos desejavam sua beleza de rainha,
Beleza dela sempre escondida;
Ora a perdiam,
Ora a ganhavam,
Numas vezes a agrediam,
Noutras a beijavam,
Se uns a maltratavam,
Dela, todos riam,
Outros bofetadas lhe davam!...
No fim de um Inverno,
A Pedrinha desapareceu,
Dizem por aí que morreu;
Para a Pedrinha de olhar terno,
Acabara uma vida de inferno!
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Que essa vencida pedrinha enfim tenha encontrado o bom caminho,,,,abraços de bom dia pra ti amigo.
ResponderEliminarEstes finais do Inferno são sempre a melhor parte das histórias de vida. Infelizmente, sempre tardios. Às vezes, ocorrem mesmo tarde demais...
ResponderEliminarSeus poemas sempre oferecem possibilidades de sentir e de interpretar.
ResponderEliminarDos temas que me veio a mente foi a morte como a salvação, ou a violência contra as mulheres. A violência que se faz de várias formas.
abraço.
Má sorte a dessa pedrinha... Abraço.
ResponderEliminarMeu amigo
ResponderEliminarTriste mas belo este poema...quantas pedrinhas dessas estão por esse mundo...completamnete expostas às imtempéries de alguém.
Gostei muito de o ler.
Beijo
Sonhadora
...não raro pedrinhas viram
ResponderEliminardiamantes sob a pressão
do buril.
obrigada pela visita!
adorei estar aqui tbm.
bj
Caro POETA;
ResponderEliminarMagnífico poema, numa alegoria muito bem conseguida, em que o estilo metafórico é excelente.
Quantas "pedrinhas" gravitam à nossa volta, sem que se lhes preste o mínimo de atenção e se lhes reconheça o direito à dignidade.
Gostei imenso.
Um forte abraço.
quem sabe a pedrinha se tornou em grãos de areia e acabou sendo banhada e adorada pelas sereias do mar
ResponderEliminarBj
Um cristal. E um anjo. Uma mulher. Uma Pedra. O uniVerso. Na história que não é de amor, mas que não deixa de ser sobre o amor.
ResponderEliminarHá o poema e há a mensagem. Além deles, há a emoção estética. “A pedrinha” tem como premissa causar efeito ao drama de origem psicológica e física, ao qual, algumas mulheres submetem-se em seus relacionamentos.
Rimas e ritmos conferem ao poema a sonoridade poética. Pode-se ‘ouvir’ o poema, e dando-lhe a voz do coração [d’Alma], a regularidade dos versos acrescenta suavidade ao tema, amortizando sua dor, funcionando como disfarce, e paradoxalmente, realçando a verdadeira intenção.
Fascinante.
A ‘pedrada’ é uma manifestação de agressividade, ou de repúdio, assim como ‘pedra’ pode significar a dureza da vida, as dificuldades que enfrentamos. A “Pedrinha” rompe com seus mais variados conceitos de ré para transformar-se em vítima [“Corria a Pedrinha à pedrada”]. Um nome próprio. E ganha vida.
A imagem auditiva também é visual: “Num Inverno em que Sol não havia, / Sentiu que a sorte mudava; / A Pedrinha, que antes sofria, / E pelos castigos aguardava”. O sol remete-nos ao RE-nascer de um tempo, aos conflitos que podem desfazer-se, ou solucionar-se. DiVerso, reinventa o verso, e lembra-nos de que entre o amanhecer e o anoitecer, há o inverno: “Se uns a maltratavam, / Dela, todos riam, / Outros bofetadas lhe davam!...”.
Aflora-se a consciência. Os responsáveis e os responsabilizados. E a impunidade.
Assim, a serenidade do fazer poemas e do fazer sentir a poesia, supera a tristeza. Ou a decepção. Os versos, na autoria da voz poética, sensíveis, e na leveza d’alma, unem-se ao desfecho já imaginado em muitas outras histórias, de vidas reais e de invernos frios e dolorosos, trocando, entretanto, a agonia por alívio: “Acabara uma vida de inferno!”.
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Há quem colecione pedras. E há quem colecione pedradas. E há também quem lapide pedras até transformá-las em ‘Pedrinhas’, de cristais, ou de vidros, pouco importa.
E há quem se admire com as mãos que as lapidam.
É o caso.
Um belissimo final de semana pra ti amigo...abraços fraternos.
ResponderEliminarD,Ama
ResponderEliminarA pedrinha conforme a vemos pode ser arte, como tal sente sofrimentos. Isso só a poeta artista verá e num poema belo e imaginativo é presente.
No meu blog EXPERIMENTAÇÃO, tem X finalidades, sempre sem grandes investigações. Agora vou digitalizando algumas fotos de artistas que coleccionei.
Abraço
Quantos pedrinhas gravitam ao nosso redor e que as ignoramos...
ResponderEliminarBelissimo poema... Intrepreto-o como um alerta para as tais pedrinhas que connosco cohabitam e são esquecidas.
Bom fim de semana
É um gosto ler-te
bjitos da gota