quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Presépios...

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Sem o brilho da ilusão,
Monta-se o presépio dos iludidos,
Em cada cena sobressalta a alucinação,
Abraçada pela insânia dos desejos perdidos,
É dormente a força perdida deitada nos pedidos,
E o desejo dorme no desperto íntimo da humilhação,
Enquanto o estábulo deserto pretende ser a negação,
Da Luz acolhida na esperança de todos os acolhidos,
Para quem a saudável humildade é a realização,
   Dos humildes desejos dos desiludidos!... 

No outro lado prescindiu-se da esperança,
Enfeitaram-se pinheiros de ouro com peso imoral,
Nada se perdeu nem em Jesus há qualquer semelhança,
Com o pequeno brilho desprezado pelo infiel fiel da balança,
Onde são pesados os mais pesados erros de enfeite fatal,
E há ricos que se vão perdendo numa alucinada dança,
   Nos delirantes tentáculos de um padrasto natal!…

Ardem palhas de conforto possível,
Nos olhos inflamados em fogo sem rosto,
Derramam-se lágrimas falsas de combustível,
   Na Esperança sempre vítima de fogo posto!...
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domingo, 16 de dezembro de 2012

Alienados

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Alienaram a razão de sermos,
Alma livre em expandido brio,
Insurgem-se outros alienados,
Abusando dos mesmos termos,
Sabemo-los opostos ilimitados,
Na direção de iguais atentados,
Ao encontro de estados ermos,
O estado cego de os querermos,
No próprio interesse sem o brio,
Egoísmo livre aos mais votados,
Por escolha nua oferecida ao frio,
Fria vitória do norte e global trio,
Incógnita de outros interessados,
Esses incógnitos sem o sabermos,
Imensuráveis desígnios avaliados,
Por ditadores de ignotos estados,
Em democrático estado sem brio,
Pisando patriotismos explorados,
De vampiros com tal sangue frio,
Que em espiral de total desvario,
   Alienam seus filhos já alienados!...

Todos juntos, todos iguais,
Opõem-se à oposição oposta,
Todos bem dispostos à mesma bosta,
De serem a mesma grande merda dos demais,
Promovidos à mesma trampa com que foram feitos seus pais,
Legado de gerações herdeiras da incógnita proposta,
Em enigma afiado por criminosos punhais,
Assassinos de perguntas sem resposta!...

Cada Homem arrancou um punhal,
Das costas de outro Homem apunhalado,
Todos os Homens se ergueram de seu castigo brutal,
Sangraram injustiças até aos gritos de um jornal,
  Aí arderam as palavras do poder alienado!...

Os rios espremidos vão secando,
No sopé arruinado dos montes,
Vão ruindo vértebras das pontes,
Sob parasitas que vão arruinando,
A redenção dos que vão pecando,
Pecado inocente sem horizontes,
Que fora de si se vão fechando!...

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E nesses horizontes bem fechados,
Há um horizonte que se vai aproximando,
Para alienar o sangue dos alienados!...


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sábado, 8 de dezembro de 2012

Entre Aspas Poéticas



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Descreviam-se os sempre presentes desertores,
De fiéis atraiçoados por estranhos poemas desconhecidos,
Revoltavam-se com suas entranhas os senhores doutores,
E entranhavam-se na certeza dos destinados a deprimidos,
Sempre entregues aos estoicos versos já por demais batidos,
Dados à luz pelo tão saber sentir o ser-se pai e seus autores,
Para serem lidos por universitários graus de risíveis valores,
    Imitados por limitados poetas por tão ridículos mal paridos!...

Queixavam-se na fila da frente, sem noção, os desertores,
Das traições ingratas sobre as suas abreviaturas doutoradas,
Como se suas preces por versos houvessem sido abandonadas,
E tudo que resta são ensurdecedores murmúrios dos clamores,
Corvejados pelos redundantes ventos de trovas mal clamadas,
    Às orelhas moucas de onde vai escorrendo a cera dos rumores!...

Escrevem-se poemas escanzelados entredentes,
Mordidos por bocas desdentadas de esfomeadas prosas,
Agarram-se a todos os espinhos meigos com unhas e dentes,
E em sua teimosia de tão cega já enfadonha por tantos precedentes,
   Banham-se em mistelas poéticas como se fossem água de rosas!...

Porque, meu pretenso poeta, te arrastas,
 Para as tuas prosas tão longe, longe de mim,
 Se és parte de poemas aparte partindo do fim,
      Sem a rima dos poetas concebidos entre aspas?!...
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