segunda-feira, 11 de abril de 2011

Spread

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Governou-se à vista,
Como quem farejou uma pista,
Nas águas evaporadas do alto mar,
Onde cargueiros mentirosos de morta ideologia Socialista,
Foram carregados com antibióticos de outra ideologia peculiar,
Convencendo náufragos Democratas que ajudaram o barco a afundar,
Nos olhos trocados de um descarado mentiroso optimista,
Que tingiu as águas já turvas de um cardume pessimista;
Navega agora a mentira ao deus dará, sem abrandar,
Na direcção convicta do imaginário calculista,
De um polvo cínico e populista!...

Nesta agonia do capitalismo desesperado,
Agitam-se os cadáveres de analfabetos,
Afogados em dívidas sem projectos,
Tentando entender o significado,
De saberem seu futuro penhorado,
No dinheiro fácil dos capitalistas inquietos!...

Abrem-se covas rasas no spread de lucro total,
As mesmas covas onde se enterra o vil metal,
A felicidade fugaz e apropria vida,
Com pás já gastas de cavar desemprego fatal,
Sustento de uma família perdida,
Tentando à fome ser foragida,
Sem oportunidades de renovado sinal,
Perdido na inveja de independência prometida,
De causar inveja à confiança suicida,
Vizinha aflitiva de aflita cegueira igual,
Que, por não verem, depois da vingança homicida,
Lá encherão o bolso aos ricos doutores no tribunal!...
Assim se afunda o vosso Portugal,
Que, por me sido roubado, é meu também,
O mesmo Portugal que ao roubar com desdém,
Colho a míngua de uma velha senhora tradicional,
Que bem disfarçada de solidária liderança intelectual,
Sustenta-se da burrice de um pobre povo que sustém,
As mordomias palacianas de S. Bento e Belém!...

Concedem-se créditos assassinos,
Aos olhos vazios de prazos esvaziados de cumprimento,
Atidos olhares postos num esperado público fomento,
Acreditando na palavra bífida de aldrabões cristalinos,
Comprometedora aldrabice de trapaceiros destinos,
Montados sobre fósforos queimados do orçamento,
Comidos pela gestão criminosa de frios ferinos!...

Pobreza da classe média sem premissas,
É número forte de um activo financeiro,
Valendo à sôfrega mentira rios de dinheiro,
Atravessadas por deputadas pontes levadiças,
Areias de sangue suado, lambido pelo gordo banqueiro,
Sal da economia, tempero hipertenso de todas as cobiças!

O lucro garantido por larga margem,
Só é possível conjugando governantes danosos,
Com políticos hereditários de embustes famosos,
Comprados por polvos do capitalismo selvagem,
Não esquecendo gestores de lucrativa linguagem,
Ao dispor de engenhosos lucros monstruosos!...

Na verdade, compram-se leis à medida dos ladrões,
Vendem-se cordas de forca, pistolas adaptadas e 605 forte,
Voos a pique do investimento em altíssimas pontes da morte,
Implora-se pelo empréstimo para o palácio de todas as ilusões,
Para as férias de sonho e o carro mais caro do que o dos patrões,
Mas, sem o saber, depressa passam de activos com sorte,
A passivos contaminados, já sem lugar nas prisões!...

Resta o Céu onde sempre esteve a terra que os há-de comer,
O inferno das entrelinhas como garantia do crédito sem avalista,
Resta ainda a diferença entre o princípio da compra optimista,
E o pessimismo depressivo de quem para sempre ficará a dever!...

Administram-se analgésicos no cadáver dos penhores,
É esquecido o pão penhorado de um País deixado a arder,
Onde se especula sobre os males de todas as dores,
Contratam-se, então, os mais caros especuladores,
Na especulação do que se pretende combater,
Assegurando o abismo que não pára de crescer,
Entre a nossa fome e a fortuna dos doutores!...

Decide-se castigar o Povo por deixar a miséria chegar a tal estado,
Como se o ouro de Portugal fosse gerido pelo mesmo povo culpado!!!!!!....

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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lágrima de Lua


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Esta é a história do…
Amor de uma Estrela irreal imaginada,
Que libertou uma lágrima prisioneira da Lua,
Lágrima de Amor que tinha como sua,
A mesma Lágrima que a Lua amava,
Por quem a Estrela sofria apaixonada,
Utopia impossível de quem não amua!...

Próxima de Centauro, rubro de paixão,
A anos-luz da terna e feliz Lágrima lunar,
Espectro vermelho de seu quente coração,
Ardia, a Estrela, pela Lágrima, sem chorar,
Invejando Lua triste de lágrima prisão,
Triste pela Lágrima que iria derramar,
Amor de amante única que jurou amar,
Débil Estrela ameaçando-se de implosão!...

Se a Lágrima da Lua,
Não puder ser sua,
Não será Lágrima de ninguém,
-De mim, não serei Supernova também,
Por de nova ter sido tua!

O mais longo Dia de Sol foi escolhido,
Pela Estrela a quem o Amor cegava,
O mesmo Dia que a Estrela amava,
E no lusco-fusco lhe havia prometido,
Se a Lágrima libertasse do Luar inimigo,
A Estrela com o Dia de Sol seria casada!...

O Sol irradiou de Luz o mais longo Dia,
Ofuscando a Lua que sua Lágrima verteu,
Cega de Luz, seu Amor, caindo, a Lua não via,
Amor que de seu Amor, outro Amor escondeu;
Procuraram-se mas o inevitável destino aconteceu,
A Lua, morrendo de saudade, já chorar não podia,
Pois sua Lágrima, lágrima de tristeza perdeu!...

Se Lágrima da Lua,
Não puder ser sua,
Não será Lágrima de ninguém,
-Serei Buraco negro de mim também,
Tão negro por haver sido tua!

 Lágrima caída no coração do Deserto,
Árido de Amor, de Vida uma miragem,
Sulcou um imperceptível leito incerto,
 E, adormecendo cansada pela triste viagem,
Da Esperança perdida, verteu uma lágrima!...
Encontrando-se de si, lágrima de si, muito perto,
Pequena lágrima da Lágrima e mais lágrima vertida,
Ainda mais lágrimas de saudade e tristeza incontida,
Chorando cada lágrima, uma lágrima mais que chorava,
Foi nascendo um pequeno charco da lágrima derramada,
Um lago que transbordou para a Vida,
Um Rio correndo, quedas de água salgada,
Oceano de lágrimas por uma Lua de Lágrima perdida,
Agonia lenta da sorte desconhecida,
Do seu talismã de sorte finada!...

Se minha Lágrima não puder ter,
Lua, não mais voltarei a ser,
Não serei Lua de ninguém,
Serei cometa frio de mim também,
De gelo por minha Lágrima perder!

Da pequena Lágrima que caiu,
Agora Oceano vivo onde a Vida surgiu,
É imenso espelho da Lua em seu degredo,
Que procura na Noite aquele Amor que ruiu,
A mesma Noite que conhece o triste segredo,
Daqueles dois Amores desencontrados no enredo,
Escrito nas estrelas por uma estrela que explodiu,
Quando jamais a Lágrima da Lua não viu!...

Mas, o Astro-rei, como rei de Luz que é,
Reconhecendo o erro que cometeu,
Culpando-se pelo que aconteceu,
Aqueceu a Terra com Lágrimas de Fé,
Do vasto Oceano evaporou uma porção,
De indivisíveis Lágrimas que pé ante pé,
Encorajadas por fenomenal condensação,
 Subindo nelas, por elas, foram dando a mão,
Içaram-se entre elas e muitas morreram até!...

Muitas cruzaram o Céu,
Ajudadas pela Luz a coberto do breu,
Pereceram todas, só uma sobreviveu!...

A Lágrima perdida para a sua Lua voltou,
A Lua que de felicidade sua Lágrima chorou!...


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terça-feira, 5 de abril de 2011

Na Primavera...

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…Esta minha bendita tristeza,
Que floresce nestes estranhos enleios,
Os chilreios…
 Felizes de tanta beleza,
Batidas de descompassada estranheza,
Desesperado desejo que prospera,
Sem freios!...
Como se… ao mungir a Primavera,
Saciasse a sede e a fome no cio dos seios!...

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domingo, 3 de abril de 2011

Nudez no Céu

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…Esperava um pouco daquele céu,
No seu inferno às vezes celestial…
Celeste era aquela estranha fixação infernal,
Espreitando do rasgo denunciado do véu,
Transparente… ao léu!...
Despido.. nua integral!...
Despida… no despido céu!...


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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Aqui Jazem os Cravos!...




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…aqui jazem os cravos,
Em campa rasa e mal tratada!...
Aqui está sepultada,
A honesta origem dos bravos,
Nesta estrumeira de vis agravos,
Onde a flor de laranjeira violentada,
Deixando de ser a virgem pátria imaculada,
 É agora a puta sem palavra dos capitalizados!...

Das rosas restam os espinhos,
Cravos Judeus tão bem espetados,
No orgulho dos espíritos mesquinhos!...

É longo o verde dos craveiros,
Coroados pelo vermelho sangue Lusitano,
Definha o envergonhado poder soberano,
Enterrado vivo na revolução dos coveiros,
Nação traída por gatunos verdadeiros,
Vigaristas que só vivem do engano!...

E lá vai o pobre povo alienado,
Embrulhado nas cores de um triste pano,
Eleger quem sempre os tem enganado!...

Por aldrabões enganada, já nem a verdade se admira,
Que, com a verdade, seja enganada a mentira!...

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domingo, 27 de março de 2011

Ninguém!...

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Eu sou o vento,
Dispo-te de tua beleza que se veste do tempo,
Sou vento forte!...
Visto trapos de luz com o brilho de tua sorte,
Sou ciclone desatinado e violento,
Alma do teu sofrimento,
Sou teu desejo sem norte,
Sou o tempo,
Sou o vento,
Talvez a morte!...

Eu sou a fome,
Alimento tua gula de um inferno sem nome,
Sou fome violenta!...
Insaciável ninguém que de ti se alimenta,
Sou apetite que come,
A vontade que consome,
E de ti se sustenta,
Apuro teu sabor com o suor que te experimenta,
Sou a fome,
Sou o nome,
Talvez tormenta!...

Eu sou o carrasco,
Ofereço tortuoso caminho de sangue até ao penhasco,
Sou a dor!...
Sou pus na ferida aberta de teu dilacerado amor,
Sou ignóbil fiasco,
Sou a náusea do teu asco,
Sou a consciência sadia do teu miserável torpor,
Sou carrasco,
Sou o asco,
Talvez rancor!...

Eu sou o reflexo,
Exponho a verdade côncava de teu falso convexo,
Sou a cegueira!...
Sou a cor omitida na mentira de uma bandeira,
Sou infectado sexo,
Sou o teu olhar perplexo,
Sou as trevas de capa e capuz da inesperada ceifeira,
Sou a rasteira,
Sou caos sem nexo,
Talvez inquisição e fogueira!...

Eu sou a claridade,
Destruidor de mentiras com laivos de crueldade,
Sou a verdade crua!...

Sou sonho desprotegido do pesadelo de consciência nua,
Sou refúgio da falsidade,
Causa perdida de tua ansiedade,
Sou leito escorrido onde teu medo desagua,
Sou corgo de piedade,
Alivioso despertar de tua adormecida intimidade,
Sou imagem tua,
Nua,
Que no pesadelo se insinua,
Sou, quando acordas, a verdade,
A dúvida que se perpetua,
Eu sou a liberdade!...

Eu sou NINGUÉM,
Pouco mais de nada,
Sou o grito de alguém,
Sou o sonho que se retém,
Demónio de uma alma cansada,
Sou teu desdém,
Parte de perdidas partes em partes separada,
Sou um pouco de ti, porém,
És muito de mim também!...

Eu sou a mentira da verdade,
Sou desprezo que de ti fica aquém,
Sou o vento forte da Liberdade!...

Só não sou o que digo ser,
Quando meus olhos consegues ver!...


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sexta-feira, 25 de março de 2011

Ladrão e Erva


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Ladrão e Erva,
Já fartos do paraíso,
Fizeram da serpente sua serva,
Então, já despidos de reserva,
Escolheram perder o juízo,
E, num acto de improviso,
Com cannabis de conserva,
Quase pecaram de riso!...

Com o siso já pedrado,
Erva sentindo a folha a arder,
Viu seu fumo ser fumado,
Seu veio verde ser roubado,
Pela tentação de a comer;
O ladrão sempre a gemer,
Ao rasgá-la com seu pecado,
Descobriu na Erva o prazer,
Crescendo em solo sagrado!...

Foi a pobre da serpente,
De aspecto tão repelente,
Condenada a pagar as favas,
Por tantas folhas fumadas,
Ficaria velhinha e indolente,
Sem concubinas ou escravas!

Só pode ser a maldição,
Perdida entre os pecados,
Da Erva e do Ladrão!...


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quinta-feira, 24 de março de 2011

Linha e Horizonte


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…Viu o horizonte sua linha,
Para lá de uma Amizade sem limite,
Vincar dobrado barquinho de convite,
Que em seu coração rasgado tinha,
E sobre as ondas navegou sozinha,
Guiada pelo doce sal de sua elite,
Que se ia quando ela vinha!...

Linha e horizonte,
Tão longe de se encontrar,
São Amar e Céu de seu olhar
São ambos de si sua ponte,
Passando sem se tocar!...


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quarta-feira, 23 de março de 2011

Prostituição



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Há públicos sistemas prostituídos,
Fechados a sete chaves da prostituição,
Há portas prostitutas abertas aos escolhidos,
Candidatas à escalada com poderes instituídos,
Há ofertas internas para não trair a instituição,
Que paga os favores com o favor da promoção,
Prostituindo o desempenho dos despromovidos!

Há alternâncias de alterne em reuniões,
Onde se abrem pernas às selectivas posições,
Que a promovida angariadora sempre promove,
Prostituir-se sem exame é a prova dos nove,
Ciência exacta de prostituídas promoções!

É um subsistema de pasto interno,
Onde as vacas que pastam divorciadas,
Putas manhosas na subsistência do inferno,
São carne sem dono na venda do consolo eterno,
Negócio fechado à porta fechada das fachadas,
E lá se reúnem longe das testas enfeitadas,
Com lindas flores de cornudo moderno!...

E assim vai este País,
Entre vaidades e orgias,
Sem direitos nem Juiz,
Onde um povo infeliz,
É traído todos os dias!...

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segunda-feira, 21 de março de 2011

Árvore

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…Com oxigénio em carestia,
Rouba-se o privilégio de respirar,
Inspira-se a Luz na energia,
Que inspira a inumana tirania,
De expiração pulmonar;
Falta o ar,
Viva a hipocrisia!...
Árvores verdes são alegria?!...
Já não são a maioria,
 Quem precisa de se inspirar,
Se basta uma flor para exalar,
Aromas de fantasia,
Enxertadas de vendado olhar?!...
Planta postes de luz na serrania,
Espera a sombra que te vai deleitar,
Mas, vais ter de a comprar,
E se teu dia se ensombrar,
Não te asfixies assim em demasia;
É apenas mais uma árvore em alegoria,
Pintada na extinção do papel que te quer rasgar!...

Árvores!...
Essa vida que dizem aflorar...
Sob milionários mármores...
Dá que pensar!...


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