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Ladrão e Erva,
Já fartos do paraíso,
Fizeram da serpente sua serva,
Então, já despidos de reserva,
Escolheram perder o juízo,
E, num acto de improviso,
Com cannabis de conserva,
Quase pecaram de riso!...
Com o siso já pedrado,
Erva sentindo a folha a arder,
Viu seu fumo ser fumado,
Seu veio verde ser roubado,
Pela tentação de a comer;
O ladrão sempre a gemer,
Ao rasgá-la com seu pecado,
Descobriu na Erva o prazer,
Crescendo em solo sagrado!...
Foi a pobre da serpente,
De aspecto tão repelente,
Condenada a pagar as favas,
Por tantas folhas fumadas,
Ficaria velhinha e indolente,
Sem concubinas ou escravas!
Só pode ser a maldição,
Perdida entre os pecados,
Da Erva e do Ladrão!...
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