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Pícaros
angustiados,
Abraçam braços
cruzados,
Assinatura de
braços fechados,
Firmados com
fios de frágeis enleias,
Esperam carícias
por enlevadas ideias,
Crescidas em
cérebros financiados por teias,
Grossas de
sangue entre açúcar de veios arrastados,
Derrames de
doce veneno que lhes corre no gelo das veias;
Escorrendo na
consciência retórica de eufemismos extasiados,
Vendem-se
orgasmos dos insaciáveis objetivos alcançados,
Em vez do
preservativo consciencioso das assembleias,
Barrigas de
aluguer prenhes de imunidade às cadeias,
Bastando que
por todos os meios sejam abusados,
Humanidade perfeita
pelas razões mais feias,
E os
dignos direitos dos eternos violados!...
Vozes
trémulas oferecem geleia de confiança,
Tingem ávidas
papilas com gostos distintos pelos corantes,
Maçãs azuis
e morangos violeta matam a fome de uma criança,
A ilusão da
consistência tem uma trémula e doce semelhança,
Com a
amargura de uma digestão difícil rica em diamantes,
Enfeitados com
esperanças de ouro e salvas radiantes,
Salvação das ilusões nas cores negras da
Esperança!...
Na vanguarda
da frenética tecnologia,
Luz é um
jogo de trevas num tabuleiro do tempo,
Jogado pelo
pó secreto de uma esotérica maçonaria,
Que apostando
nas mecenas vitórias do etéreo momento,
Faz valer
sua silenciosa vontade do receptivo argumento,
Comprado pela
influência escondida na corrupta teoria,
Demonstrada na
prática com novos jogos de ironia,
Dividendo angustiado disfarçado no
orçamento!...
Há privilégios
interditos que nos respiram,
Medos em nós
que asfixiam o ensaio do abraço,
Há uma côdea
de pão bolorento num olhar de cansaço,
Tristezas escondidas
na vergonha dos amores que fugiram,
Há fingimentos
primitivos em corações que desistiram,
O prócer molda cérceas no corredio nó do
abraço!...
Há um pai de
ninguém na angústia dos lazarados,
Senhor absoluto
que nada dá do que dele merece dar,
Apostando o
futuro perdido de quem não pode jogar,
Dando angústias
aos Pais que deviam ser venerados,
As mesmas
angústias marcadas nas faces dos dados,
Viciados por pícaros de sorte, mensageiros
do azar!...
Há angústias
irradiando felicidade,
Longe da
vista de quem não as vê chorar,
E tão perto de angústias sem identidade!...
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Como leitora, debruço-me sobre "Pícaros Angustiados" e retiro-lhe diversos compartimentos; versos soltos, um dito, uma vertente, e faço de cada saber desse poema uma lição diferenciada. Umas vezes de economia, outras de admiração histórica, ou um estudo de caso a uma época específica, uma análise literária ou de discurso. Mediante todas essas possibilidades tenho a sensação de que não estou diante um poema, mas de um tratado filosófico. Nenhuma surpresa.
ResponderEliminarSeu estilo requintado exige o elogio, ou a admiração, mas dificilmente vou alcançar a dimensão da unidade, ou do conteúdo, que, por mais que aponte à multiplicidade e ao dedo à face, no fundo, ou principalmente, é da sensibilidade, e da sua solidariedade à coesão utópica do uniVerso.
E tantos são os braços de espera, e tantas são as esperas. Mas o Poeta existe. A Arte também. Perdida a esperança, resta a Poesia. E toda a sua fé no legado estético. E então, revolvo-me à paisagem. Há chamas admiráveis. E luzes que, como testemunhas do presente, ao examinar o passado, acendem o futuro.
Sem demora, e sem nós ["Medos em nós que asfixiam o ensaio do abraço,"], deixo o abraço. Bom dia A.
« Há angústias irradiando felicidade»
ResponderEliminarhá lágrimas que caem sem ser vistas,
em olhares migrantes pela incerteza,
em passos errantes por estradas sem luz.
Há risos fechados em celas escuras,
na desesperança de dias que caem
pelo abandono em cantos de frio,
onde Amor deixou de fazer já sentido.
Ainda assim,há résteas de sol
que irradiam PAZ,como uma oração.
Parabéns,A.Pina.
Um abraço
Aurora
A angústia que nos persegue e nos afronta...
ResponderEliminarBShell