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Hiatos de tempo hesitantes,
Abandonados no passado à pressa,
Duernos
de sépias folhas sussurrantes,
Impressas por embranquecidos sibilantes,
Escrevem-se histórias no interior da
promessa,
O passado lembra-se do futuro e o
atravessa,
Há
vozes que brincam aos risos dissonantes,
E cabeças carecas,
Muito quietas,
Descoloridas por abandonos sufocantes,
Permanecem na memória do tempo,
À espera da memória dos poetas;
A vida hesita por um momento,
Volta o olhar num lamento,
Último
adeus às bonecas!..
Separam-se duas folhas com cuidado,
Quatro páginas escritas que o vazio
protegem,
Reescreve-se uma folha em branco do passado!...
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Por mais que se queira, e penso que com esse Poema, d’Alma atingiu o ápice de sua habilidade poética/artística, a sépia do wallpaper não traduz o retrato da infância, onde até a velha escova de cabelo figura. Antes pelo contrário! Na Arte de A. Pina, apesar da infância ser retratada com saudosismo, o que prevalece não são sinais visíveis de inocência, e sim os problemas causados pelo amadurecimento precoce, resultando num Poema que parece não estar pronto, não como se faltasse alguma parte, e, até pela estrutura do ambiente, incompleta, mas como se a cada verso uma nova realidade pudesse ser inventada, e reinventada, e o menos possível de dolorosa.
ResponderEliminarE nesse hiato, ou nessa lacuna, “Duernos de Infância” se destaca a partir da imaginação que o leitor, junto com o escritor, constrói.
Daí, a questão do tempo, e do olhar focado no passado, ou nos muitos sótãos que habitamos por não vencer o espelho e só visualizar o presente com a memória do futuro. Sempre antes do tempo, sempre. Em contraste com o reflexo que a Poesia d’Alma causa, e refletindo, ilumina os recantos mais sombrios da criação estética libertadora, a partir de um novo mundo, onde a Vida se encontra num processo contínuo de redescobertas, recomeços e páginas viradas. E folhas, virgens, e ávidas por novas histórias.
Abraço.
Abre o pano
ResponderEliminarcai o pano
tudo se move
e o tempo passa