.
.
Bergoglio
e "Madona",
No palco
partilhado a meias,
Pela
verdade que vem à tona,
Ondula
o líquido sobre as teias,
Talvez
seja o azeite de candeias,
Breu
feroz de secular intentona,
Que
não se limitando à sua zona,
Tomaram o mundo em alcateias!...
Papa
de livres credos e religiões,
Papos
d’anjo de mui nobres intenções,
Agora,
vejam bem o milagre de tudo isto,
Vai
o Papa, papando os créditos de Cristo,
Congregando
as mais diferentes opiniões,
O
Messias sem anúncio nem nunca visto,
Espectáculo para amolecer os corações!...
A
peneira que falsos raios de Sol destapa,
Jesus
Cristo, atirado à morte pelo Judeu,
Para espanto dos traidores, não morreu!!...
Ressuscitou
a Paz, sem espada nem capa,
Com
seu humilde Amor que Deus lhe deu;
Se
a morte não o matou, ninguém o mata,
A
usura sem Deus, tomou Roma à socapa,
Se
a Verdade reclama o crente como seu,
Crê-se
no pagar pelo que sofre ou sofreu,
Em
nome da Verdade infiltra-se um Papa,
Conciliador enviado pelo insuspeito ateu!...
Sobe
ao palco uma imagem da humildade,
Milhões
de Almas em desespero de causa,
Perdem-se
no pouco que resta da verdade,
Despojam-se
perante o brilho da divindade,
E
quando a mentira vai permitir uma pausa,
O
palco bem montado volta a subir,
Sobe
com ele a estrela celeste a fulgir,
Arrebatando
a plateia com palavras de bondade;
A
dignidade, a Paz e o Amor continuam a fugir,
Aproxima-se
a miséria, o ódio e a guerra,
Há
pedaços da Almas debaixo da terra,
Corpos etéreos são para substituir!...
Chegada
é a vez das pombas brancas imaculadas,
Jerusalém
quer as bombas catolicamente alimentadas,
Falsos
Cristãos fecham os olhos à presença dos falcões,
Abutres
brancos pairam sobre malogrados corações,
Libertam-se
aves de paz para serem assassinadas,
Aos
olhos cegos das muito católicas opiniões!...
Libertam as pombas,
Libertam a brancura,
Libertam as bombas,
Libertam a ditadura…
Canta uma juventude insegura:
“Papa Rock,
Papa Papa,
Papa Pop”!...
“As Pombas do Papa” escreve imagens com uma linguagem visual sofisticada, onde cada verso nos permite criar uma cena, ao mesmo em que tomamos consciência de que, ao contrário do que podemos imaginar a partir do título, a Poesia nem é de Liberdade, nem de Paz. Ao contrário, é de clausura.
ResponderEliminarUm Poema complexo, perturbador e, diria até, um palco de contrastes, mas que não perde em nada para a habilidade e a disciplina no que se refere à Arte de procurar respostas, ou soluções, para a recuperação de uma humanidade desesperada em convicções religiosas. Ainda que não as encontrem. Ou não as sugestionem, e o que resta é, senão, a paródia.
Por não ser um Poema de engajamento, nessa hora ele ganha mais força, pela simples denúncia do fracasso histórico e social que o catolicismo se encontra.
E basta. Apresentar o problema, e brincar com temas sérios, já é o suficiente para fazer de qualquer Poema uma Poesia de reflexos, luzes e reflexões.
Iluminado, como sempre.
Bom fim de semana, d’Alma.