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Chamava-se mesmice,
Tinha o hábito de não saber porque
corria,
Ao encontro do filho único da senhora rotina;
Costume, amigo rotineiro que sempre a perseguia,
Em tão sua habitual sujeição de inflexível monotonia,
Era um marasmo enfadonho de indobrável
esquina,
Sempre à espera que a mesma de sempre o visse,
E antes que do mesmo modo escapulisse,
De igual modo traçava sua sina,
No percurso que o seguisse!...
Num dia aos demais igual,
Mesmice fora vítima de assédio,
O amor à primeira vista foi consensual,
Decidiram-se pelo normalmente usual,
Se casar era o costumeiro remédio,
Viveria para morrer de tédio!...
Ainda hoje não sabe porque corre,
Na certeza dessa incessante rotina,
De saber que nesse labirinto morre!..
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Entre o cotidiano e o rotineiro, realidades que fazem parte de nossas vidas. Ou da minha vida, pelo menos. Mesmice & Tédio não revela apenas o dia-a-dia individual, ou pessoal, mas também a angústia coletiva, fluindo à compreensão pela imaginação, onde a sensação de abandono, ou de solidão, prevalece no desconforto do movimento.
ResponderEliminarAqui é o lugar do esforço. É aqui que a poesia deixa de ter um valor emocional para ser uma manifestação emocional. Ou foi assim que aprendi a ler os poemas d’Alma. A dar forma, cor e movimento à leitura, porque a inspiração poética, em jeito de desabafo, do dedo em riste, ou em confissão, nasce do lado de dentro ‘da alma’, aflora a pele, e passa a ser sensível ao meio exterior.
E de repente, são muitos os labirintos, e para cada um deles, uma única saída, ainda que suas bifurcações sejam divergentes, no conflito e nas contradições (nada contrárias!), à reflexão. Habilidade, propriedade. Arte. Um percurso conhecido, mas completamente imprevisível.
O caminho de luz é também de fogo, e nada queima tanto quanto. Tenho respostas para perguntas que nunca pensei em formular. E só agora sei que não é a solidão a causa do desconforto. Dos dias iguais em sua desigualdade. Do não acontecimento, do não inovador e, por que não, da mesmice. Dos mesmos erros. Dos mesmos pecados.
A liberdade é prisioneira da realidade.
E o que antes servia de consolo, ou alívio, de súbito, na leitura do abrigo. Hoje, agora, é de pura dor. Eu só não sei se é por mim, pelo coletivo, ou pela poesia em si. Talvez por ambos.
Boa semana, A.
Já li mais de uma vez desde a postagem.
ResponderEliminarHoje me ocorreu dizer: muitas vezes nos repetimos nos mesmos atos, nos mesmos costumes....e às vezes em relações diferentes, continuamos a nos repetir.
Adoro! Poesia linda, muito enigmática e muito boa para reflectimos. A rotina mata. Mata?
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