Mostrar mensagens com a etiqueta escravatura. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta escravatura. Mostrar todas as mensagens

sábado, 16 de julho de 2016

Formigas de Deus

.
.
.
Procurava no céu da sua esperança,
Um rosto de Deus que o pudesse ajudar,
O diabo da carestia levara-lhe a bonança,
Esquecera tudo, sobrara uma lembrança,
A liberdade dos pássaros e seu livre voar,
Procurando no céu asas para se libertar,
Não via sob os passos seus, a matança,
Das formigas que esmagava ao caminhar,
Talvez fosse sua pura inocência de criança,
   Ou a inocência das formigas com mais azar!...

E se o céu cair em cima da cabeça?!...
É preciso estar, ao céu, atento,
Antes que o azul do céu escureça,
E o resto do céu seja levado pelo vento;
Talvez o vento traga uma espiga dourada,
Que o mesmo vento, do céu carregou,
Houve um grão que caiu e o sol dourou,
E uma formiga obstinada,
Que o sol e o grão dourado carregava,
Mas, o medo, vindo do céu tudo esmagou,
    Esmagando o olhar que formigas, esmagava!...

Não estará Deus demasiado distante,
    Tão longe dos caminhos das formigas?!...
Somos searas e grãos de todas as espigas,
Deus vê um grão a outro grão semelhante,
Somos insetos que esmagam e, não obstante,
    Esmagamos formigas que consideramos amigas!...


Todos procuram Deus quando precisam,
Têm-se dentro de si e Deus em suas barrigas,
     E não vêm as pequenas formigas que pisam!...

.
.

.







    

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Leilão dos Corpos


.
.
.
O corpo tem um preço incerto,
Tão certo quanto a incerteza do seu valor,
Na guerra da carne, vale tudo menos o amor,
A origem das cinzas, está das cinzas muito perto;
Alguns corpos são leiloados no deserto,
Evaporam-se em lanços de calor,
    E gelam de corpo aberto!...

*

Retraem-se para o seu próprio desvão,
Trastes dos que querem que trastes sejam,
Leiloam-se no segredo do seu próprio pregão,
Vendem os dias aos que dizem que mais lhes dão,
Uns fogem sozinhos antes que outros os vejam,
Compram o que vendem com a sua solidão!...

Indecisos entre qual das mortes escolher,
Inquietam-se muito apressados e correm,
Escolhem ser lindas estrelas do anoitecer,
Entregam o corpo ao sol para não morrer,
Sentem os gélidos suores que escorrem,
O pesadelo do que não queriam ser,
Fogem da morte e morrem!...
.
.
.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Direito Invaginado

.
.
.
Fecundez de semente primordial,
Germinada na bainha de preservativo invaginado,
Rasga os lábios sobrepostos da membrana geracional,
Que sugam os coágulos brancos ao primórdio espiritual,
Dos corações rasgados entre sangue vivo derramado,
Sobre a inumanidade prenhe de amor coagulado,
    Na Paz morta por consentimento convencional!...

Milhões de planos plenos de vida,
São preservados em preservativos sem saída,
Preserva-se a triste morte do humano imperfeito,
Em laboratórios onde às cobaias de pleno direito,
É imposto o único direito de ver instituída,
     A Esperança que lhes fenece no peito!...

Cortaram-te as unhas afiadas,
À entrada do preservativo azul-celeste,
Sem tempo para perceber o mal que fizeste,
Ainda viste outras famílias escravizadas,
   No colonizador hexágono a Leste!...


E aqui estamos entre pregas de seis paredes semitizadas,
Erguidas com sangue de humanos imperfeitos e arame farpado,
    Amordaçados até à indiferença de nossas vidas invaginadas!...

.
.
.