quinta-feira, 4 de agosto de 2011

...tão Perto!...

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…Lá perto de tudo,
Tão longe de nada,
Nada resta do veludo,
Noite macia do dia mudo,
Que já não despe a madrugada!...

…Lá longe da pouca sorte,
Douradas tentações impingem,
A tentadora perfeição da beleza no porte,
Só o destino sabe que fingem,
São brancas as raízes dos limos que tingem,
Celebra-se a vida ao encontro da morte!...

…lá longe do deserto,
A Vida sucumbe à sede,
Com a água ali tão perto!...


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3 comentários:

  1. tão longe e tão perto.
    'são brancas as raízes dos limos que tingem...'

    celebra-se aqui poesia num momento de vida e morte.

    A sede saciada e a vida triunfa.
    Adorei.

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  2. “...tão Perto...!” é um poema que circunda em torno dos relacionamentos à distância, marcados pela complexa rede da virtualidade, para uma poesia estritamente presencial, onde somos desafiados à imaginação, e principalmente, à razão.

    A comunicação virtual alterou decisivamente as formas de sociabilidade interpessoal, permitindo, em tempo real, uma interação independente da geografia. Ao mesmo tempo em que essa comunicação se torna aparentemente próxima, é também inalcançável [“…Lá perto de tudo, / Tão longe de nada,”], além de duvidosa. Os versos [“Nada resta do veludo, / Noite macia do dia mudo, / Que já não despe a madrugada!...”] assumem uma conotação decisiva: A manhã vestida/marcada pela tragédia sucede a noite.

    A distância facilita o jogo de aparências estimulado pelo oportunismo que o meio em si favorece, combinando realidades distanciadas e divergentes entre si [“Douradas tentações impingem, / A tentadora perfeição da beleza no porte,”].

    Verdades, mentiras e omissões. Uma atividade de risco. A grandes distâncias [“…Lá longe da pouca sorte,” / “…lá longe do deserto,”] é impossível avaliar a sinceridade e a credibilidade das informações. Uma aposta certa de derrota [“São brancas as raízes dos limos que tingem, / Celebra-se a vida ao encontro da morte!...”], porque os elos de ligação são demasiados frágeis para dar sustentação e equilíbrio ao relacionamento.

    Próxima, a água não sacia a sede, é preciso ir buscá-la em outra margem. Um olhar crítico e severo, de fato. Mas quando realizado com seriedade e sentido estético, além de criativo, a poesia não fica à margem. Infelizmente, não foi o que aconteceu com a vida [“A Vida sucumbe à sede,”].

    Assim como a poesia, que não tenha sido em vão.


    ¬

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  3. Celebra-se a vida e a morte, o longe e o perto, o que se toca e se deixa de tocar...

    Este teu poema é de fantástica beleza, mas pintou-me o coração de laivos de tristeza...

    Belissimo

    Bom domingo

    Bjgrande do Lago

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