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sábado, 1 de outubro de 2016

Todo o Vinho do Mundo

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Mais cedo ou mais tarde,
Todos sentir-se-ão à rasca,
Há algo nos outros que nos arde,
Não será um fogo de muito alarde…
Talvez as uvas madura se refugiem na casca,
E a velha videira sofra de um enxerto impessoal,
Mais dia, menos dia, todos se sentem muito mal,
Uns procuram o remédio santo na santa tasca,
    Outros são vindimados na cura do hospital!...

O diagnóstico desconfia da mesma origem
Há o temor embriagado que o vinho se acabe,
Muitos doentes, por abstinência, se afligem,
   Por o soro não saber ao que o vinho sabe,
        Mas já nem o vinho nas veias, exigem!...

Há um pássaro cor de vinho a pairar,
Vão escurecendo as penas da sua cor,
De gota em gota, vai morrendo a dor,
Um pássaro negro parou de voar,
Tanto vinho bebido com amor,
   Onde o amor se foi afogar!...

Talvez lá no fundo,
No fundo dos copos por esvaziar,
    Tivesse bebido todo o vinho do mundo,
     Vinho que acabou por acabar!...
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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Doce Vinho de Rosas Brancas

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Vossos néctares de castas francas,
Gratuitos vícios de fragrâncias mil,
Transformaram-se em água vil,
    Leve vinho de rosas brancas!...

Nasceste rosa,
Cresceste entre vinhas,
Foste uma videira graciosa,
Quiseste ser poética prosa,
Poema nas entrelinhas,
    Poesia silenciosa!...

Cuidaste de todos os jardins,
Colheste as tuas uvas saborosas,
Esmagaste-as e fizeste-as ditosas,
Confundiste vinhas com jardins,
Em teus roseirais deste festins,
    Jardins de brancas rosas!...

Acabaram as rosas no fundo de um copo vazio,
Sem uma gota d´água que lhes matasse a sede,
Embranqueceu o fígado num branco jardim frio,
   Rosas ébrias, entre brancas pétalas e a parede!...


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sábado, 4 de outubro de 2014

Pretérito Imperfeito da Necessidade


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Houvera o relógio de necessitar da hora,
Quisera a hora o minuto para mais utilidade,
Pelo minuto, o segundo não fora contrariedade,
A paz de dentro não passara sem a imagem de fora,
E não fora a tentação de levar aos humildes a vaidade,
Tão cedo, o reflexo não existira em espelhos de outrora,
Nem o ontem, dia o fora, não fosse lembrado pelo agora;
O desamor sem princípio, decidira-se pela finalidade,
Atrasara-se em sua forma necessária da demora,
      Matara o tempo a criar a demais necessidade!...

Todo o fogo do inferno, o Sol cobiçara,
Com todo o gelo do mundo, o iceberg sonhara,
Com todo o amor da paixão, com toda a paixão, amara,
Todo o ódio, com todo o ódio do ódio, o ódio odiara,
Com todas as lágrimas, todas as lágrimas chorara…
    Mas nada lhe bastara!...
Nada pudera ser igualdade,
Por tudo, a tudo, nada se igualara,
Tão infinita fora a insaciável necessidade,
     Da necessidade insaciável que necessitara!...

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  No presente, pelo que a desnecessidade indica,
 Já muito despida de preconceitos, a verdade nua,
Indiferente à necessidade que se perpetua,
Apodrece nessa necessidade que fica,
    Pela necessidade que continua!...
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