Mostrar mensagens com a etiqueta medo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta medo. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Adorável Tristeza Contínua


.
.
.

Para ser feliz,
Só tinha todos os momentos de cada dia,
Achava que não merecia,
E foi por um triz,
Que em vez de ser o que quis,
Viveu triste como queria…
Deus estava-lhe cravado no sofrimento,
Jesus Cristo era um exemplo que a decorava,
Não tinha a certeza se era a sua morte que adorava,
Ou tristeza de viver a morte a cada momento,
E, abraçada ao seu tormento,
Ali ficava…
Rezando sobre duas chagas de joelho,
Dedicando suas lágrimas à água benzida,
Ao amargurado silêncio do seu espelho, 
   Que reflectia o triste rosto de sua vida!...
Mas as lágrimas, Senhor…
As lágrimas que não a deixavam ver!...
Era tanto o Amor,
A dedicação à dor,
O doloroso entardecer,
A languidez do louvor,
    O macilento amanhecer…
E, sem o saber,
A esperança e o temor,
Sempre à beira de enlouquecer,
 Com a fé na amargura do dia seguinte!...
.
.
.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Olhar sem Sombra

.
.
.

Longos segundos submergidos na água fria,
Afogam-se cabelos negros em mais uma madrugada,
Por momentos, a sombra dos olhos flutua na água passada,
Seios frios flutuam fora do peito da respiração sombria,
O desespero de um amor que na sombra se perdia,
Obrigou à fuga para o ar que os olhos respirava,
Estalaram os cabelos no olhar que já não via,
Um eclipse bate como uma chicotada!...

Vivem olhos à espreita atrás da franja dos cabelos,
Óculos de sol denso escondem-lhes a sombra do olhar,
Ninguém dá por eles quando se escondem ao passar,
Passam olhos que ninguém vê, à procura de vê-los,
Não é visto quem se despe de seus frios apelos,
E apela à sombra que não os deixe voltar,
Volta-se o sol para entristecê-los!...

O sol escurece a luz de olhos desalentados,
Há tanta luz abraçada ao calor que passou,
Sombra de olhos caídos foi tudo que ficou,
Da sombra nascem lacrimejos iluminados,
   Há a recordação de alguém que abraçou!...
.
.
.




quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cancro


.
.
.




Meu cancro e eu,
Inseparável inimigo,
Em mim e só meu,
  Aconteceu!...
Sempre comigo,
Leva-me consigo,
Sou alimento que é seu,
Sou seu abrigo,
Alento que arrefeceu,
Quase jazigo,
Quase morreu,
   Meu cancro amigo!...

Quase morri,
Quase vivi,
Medo de viver,
Vida que não vi,
Medo de morrer,
Inesperado castigo,
Medo de ver,
Descuido sentido,
Fizeste a vida crescer,
    Meu cancro amigo!...

Vive cem anos em mim,
Teu escravo eu serei,
Serei teu bondoso rei,
Para que não sejas ruim,
E contigo viverei,
   Nossa vida sem fim!...

Um cancro achou-se indigno,
Não merecia alimentar-se da maldade,
Sabia ser um destino demasiado benigno,
Para corações tão ausentes de bondade,
Sua força crescia na doente verdade,
     Morreu triste o cancro maligno!... 
.
.
.

 


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Reles Pessimista




.
.
.



Era pra ser um reles pessimista,
E foi!...
Fechado atrás das pálpebras da conquista,
Reles olhar medroso incapaz de se mover,
Era o olhar que não era de cego optimista,
Sem saber se deveria ficar cego por perder,
    Ou melhor seria perder o triunfo de vista!...

Fechado no negrume do medo,
Procura perder-se no seu negro arvoredo,
Vê olhos das árvores espessarem-se como breu,
As raízes negras espessam-se em forma de dedo,
Acusam a noite perdida onde se perdeu o céu,
   Fecha-se na culpa do seu reles degredo!...

Nu, no pior do que pior conseguisse,
Era para ser e sabia saber que assim seria,
Já conquistara todas as derrotas da crendice,
Vestiu-se com o pior antes que o pior lhe fugisse,
E na certeza de continuar nu, no que se sentia,
Antes de perder-se no medo que lhe fugia,
    Sentiu-se perdido antes que se sentisse!...

Era para ser,
E assim sendo,
Perdeu e foi perdendo,
Sem nunca chegar a saber,
Que o que o deitou a perder,
Foi o que em si se foi escondendo,
Essa coragem numa simples aposta,
Mas, à pergunta simples do querer,
    O reles querer de não ter resposta!...

.
.
.