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sábado, 15 de abril de 2017

Serpentes de Pedra ( Muralhas da Oração)

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A dor cresce no caminho rasgado pelos insolentes,
Pedras lascadas fustigam o coração, infernalmente,
Por cada passo, as pedras afiam-se como navalhas,
Passos de pedra perseguem os passos do inocente,
Preparam-se as mortalhas,
Preparam-se as medalhas,
Embrulham corpos com o sangue frio da serpente,
Serpenteia o louvado mérito do carrasco, meigamente,
Preparam-se as fornalhas,
O corpo arde lentamente,
Preparam-se as batalhas,
Arde o ódio, docemente,
No inferno das muralhas,
    Construídas vorazmente!...

Cobre-me o silêncio de mais um dia,
Em silêncio pergunto ás lágrimas que vão caindo,
Se é calor meigo que do meu coração vai saindo,
Ou se cada lágrima que do meu coração saía,
Era mais uma pedra lascada que dele caía,
   No vale de lágrimas que foi construindo!...

Serpentes de pedra mordem de mansinho,
Suavemente, envolvem o meigo coração,
Prostram os fiéis aos pés da oração,
 Que rezam às pedras do caminho,
O sofrimento da ilusão!...
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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Reles Pessimista




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Era pra ser um reles pessimista,
E foi!...
Fechado atrás das pálpebras da conquista,
Reles olhar medroso incapaz de se mover,
Era o olhar que não era de cego optimista,
Sem saber se deveria ficar cego por perder,
    Ou melhor seria perder o triunfo de vista!...

Fechado no negrume do medo,
Procura perder-se no seu negro arvoredo,
Vê olhos das árvores espessarem-se como breu,
As raízes negras espessam-se em forma de dedo,
Acusam a noite perdida onde se perdeu o céu,
   Fecha-se na culpa do seu reles degredo!...

Nu, no pior do que pior conseguisse,
Era para ser e sabia saber que assim seria,
Já conquistara todas as derrotas da crendice,
Vestiu-se com o pior antes que o pior lhe fugisse,
E na certeza de continuar nu, no que se sentia,
Antes de perder-se no medo que lhe fugia,
    Sentiu-se perdido antes que se sentisse!...

Era para ser,
E assim sendo,
Perdeu e foi perdendo,
Sem nunca chegar a saber,
Que o que o deitou a perder,
Foi o que em si se foi escondendo,
Essa coragem numa simples aposta,
Mas, à pergunta simples do querer,
    O reles querer de não ter resposta!...

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Saliências

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Há saliências de outra vida,
Suspensas na vertigem de meus pesadelos,
Sonho que sou cor apressada a escorrer de meus cabelos,
E deixo tingir-me por brancos intermináveis!...
Há saliências de outra vida,
A fugir ao próximo voo a que me dou,
Sonho ser pena arrancada do pássaro que sou,
E sou a leveza de braços insustentáveis!...
Há saliências de outra vida,
Afundadas em parte incerta de meus apelos,
Sonho afogar-me e sendo água que algures se escoou,
Flutuo no vapor submerso de entoações frágeis!...
Há saliências de outra vida,
Nas palavras inaudíveis de um invisível diálogo,
Sonho-me entre vários em perfeito monólogo,
Com permissão para discordar do prólogo,
E, consoante meu sonho análogo,
Sonho ser vogal de mim!...
Há saliências de outra vida,
Saliências sem fim,
No fim do começo da vida que reencarnou,
Sonho que sou Alma de entrada,
Do sonho, sonho de saída,
E entro até à saliência,
Da outra vida pela saliente demência…
Sonha-me o sonho que sou tudo e nada,
Do nada da saliência escondida,
Sonho que sou carro e estrada,
E outra vez saliência,
Rio furioso e terna jangada,
Rio desencontrado da margem perdida…
Sonho que sou corrente sonhada,
Prova diluída,
Promessa quebrada,
Fé cega e científica minudência!...
Sou vida do sonho que sou,
Porção de minha existência,
E de outra,
Sou outra vida e...
    A própria Saliência!...


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