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quinta-feira, 10 de maio de 2018

Alma de um Livro Invisível

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Sou este meu livro que nunca escrevi,
Aos olhos ínvios de quem nunca me lê,
Sou cada página que à página fala de si,
    Não há uma só folha que saiba porquê!...

Desfolha-me quem não me vai lendo,
Passa pelo livro que sou e não me vê,
Já cheias do que não vou escrevendo,
    Ficam as nuas páginas à minha mercê!...

Há perfume escrito com cores de rosas,
A letra perfumada de uma pétala aflita,
Um jardim cheio de palavras preciosas;

Não lêem o silêncio no livro que grita,
Nem o segredo das páginas silenciosas,
    Murmúrio das palavras jamais escritas!...

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

ABC-Insoletrável



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Triste!...
Em vez do ABC,
Este inteligente PC,
Que tudo sabe por mim,
Palavra triste do meu fim,
Insoletrável para quem a lê!...
 Triste...
Eu ser usado para escrever,
Vazio de gramática e sem caligrafia,
Feliz analfabeto a quem dizem o que ler,
Bem escrevendo palavras feitas sem o saber,
Denominador comum de escusada ortografia,
Sem memória das velhas palavras que lia,
Sobre palavras em vias de entristecer,
Nem pronome nem sujeito em teoria,
   Impraticável conjugação do verbo aprender!...

Triste!...
Triste o autómato escravizado,
A tristeza da tinta e do papel censurado,
As palavras que não te direi quando se apagar a voz,
Ai, se apagar-se a luz à nossa volta, apaga-se em nós,
Extingue-se o nosso nome nunca soletrado,
  Morrem as palavras e ficamos tão sós!...
   Ai, tão obscuro o saber oculto na escuridão!...
Ó iluminados deuses da iluminância concedida,
Dais a luz que a luz nos roubas sem nossa permissão,
Não há no desligado computador os gritos da revolução,
    Apagaram-se as palavras escritas na velha escrita esquecida!...

Triste!...
Triste!...
  Pudesse eu dizer!...
 Triste!...
   Soubesse eu escrever,
   Soubesse eu amanhecer,
     A Palavra da noite... 
  Triste!...
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