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Triste!...
Em vez do ABC,
Este inteligente PC,
Que tudo sabe por mim,
Palavra triste do meu fim,
Insoletrável para quem a lê!...
Triste...
Eu ser usado para escrever,
Vazio de gramática e sem caligrafia,
Feliz analfabeto a quem dizem o que ler,
Bem escrevendo palavras feitas sem o
saber,
Denominador comum de escusada ortografia,
Sem memória das velhas palavras que lia,
Sobre palavras em vias de entristecer,
Nem pronome nem sujeito em teoria,
Impraticável
conjugação do verbo aprender!...
Triste!...
Triste o autómato escravizado,
A tristeza da tinta e do papel censurado,
As palavras que não te direi quando se apagar a voz,
Ai, se apagar-se a luz à nossa volta,
apaga-se em nós,
Extingue-se o nosso nome nunca soletrado,
Morrem as palavras e ficamos tão sós!...
Ai, tão obscuro o saber oculto na escuridão!...
Ó iluminados deuses da iluminância
concedida,
Dais a luz que a luz nos roubas sem nossa
permissão,
Não há no desligado computador os gritos
da revolução,
Apagaram-se as palavras escritas na velha escrita esquecida!...
Triste!...
Triste!...
Triste!...
Pudesse eu dizer!...
Triste!...
Soubesse eu escrever,
Soubesse eu amanhecer,
A Palavra da noite...
Triste!...
Soubesse eu amanhecer,
A Palavra da noite...
Triste!...
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