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Obedecendo à estrela bífida dos tais,
Os
humildes clones crucificam a verdade,
A ciência do sorriso omite as traições
fatais,
Escondidas nas costas da cruz coberta de
ais,
Mas, nos olhos da miséria cresce a
falsidade,
Com milagrosas promessas de bondade,
Nascerão frutos dos milagres papais,
Deus é vítima da santa castidade!...
Aos seus pés pedia a Deus,
Para ser Deus exclusivo,
Só seu, pedidos seus,
A deuses ateus,
Subjetivo!...
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O poema revela o conteúdo não imaginário de d’Alma e aponta para uma concepção de subjetividade que tem um objetivo bem preciso. Ao deslocar os versos à atualidade sócio-religiosa, o poema aborda de forma incisiva conceitos de origem cristã: Como delimitar o que é milagre? O que é fé? Além de questionar tais conceitos, o poema levanta uma questão, que procura, de alguma forma destituir o poder divino em detrimento de uma única pessoa: Quem é Deus?
ResponderEliminarAssim, o poema redimensiona as fronteiras da religião e da fé, e coloca ao mesmo tempo em discussão a relação Deus versus Igreja. Ou seu representante.
Da preocupação de d’Alma se faz a poesia, que se realiza no próprio ato poético, na compreensão da relação entre sua Arte e a realidade que envolve o mundo cristão, bem como na atenção, e na direção, que resulta das respostas encontradas aos seus questionamentos.
A consciência poética é, sobretudo, crítica. O tom objetivo, através do qual A. conclui o “Subjetivo Papal”, violenta a fé, merecidamente, por ser exclusiva de um poder conferido ao homem, incluindo a omissão da Igreja Católica na delegação desse mesmo poder a deuses, e não a Deus.
Mais que Poeta, ou Profeta, um tema original num Poema também original de um homem tanto quanto, senão original, original.
Bom fim de semana.