quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Sábio que Tudo Leu e Nada do que Era Para Ser, não foi, Ainda que Pudesse Ter Sido Seu

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Este é o sábio registo,
De um sábio portento,
Sábio de lido momento,
   Tão sábio que posto isto…

O sábio que antes de nascer,
Por mil anos num ventre viveu,
No útero da mãe aprendera a ler,
Todos os sábios livros do mundo leu,
Todavia,
Mil sábios anos lidos,
Nenhuma palavra escreveu,
E com todos os livros paridos,
Foi sabiamente parido e…
Morreu!...

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1 comentário:

  1. A habilidade em escrever através de metáforas faz de “O Sábio que Tudo Leu e Nada do que Era Para Ser, não foi, Ainda que Pudesse Ter Sido Seu” uma ponte entre a ignorância e o conhecimento; a sabedoria e a imprudência. E dessa travessia imaginária resulta a Poesia. E o ofício de ser Poeta.

    Feitas as apresentações [“Este é o sábio registo,”], a revelação [“Mil sábios anos lidos,”]: nem só de mundo imaginário vive o homem. Nem a Poesia. Não há Poeta em quem se intitula como sábio. Mas a Poesia, essa sim, constitui uma fonte de conhecimento quando se revela como realidade originária. Dessa forma, se a poesia possui um tema repleto de especificidades, cabe ao Poeta tramar seu destino. E estilo. Atravessar o líquido amniótico. Ou sair do casulo. Sentir o desconforto, a dor, o frio e o calor extremos, também o prazer, a alegria, e a felicidade. Viver o encontro e o desencontro. Aprender a conviver com as diferenças e com os semelhantes.

    E não é isso que a Poesia d’Alma representa? Caminhos... uma vez sombrios, outras vezes claros e transparentes, mas sempre tão repletos de luz, ainda que, às vezes, por ser tanta, quase causadora de cegueira. Ainda assim luz, e sabedoria. Revelação.

    Quando d’Alma acusa a leitura, ou o conhecimento pela morte, mesmo quando reconhece que “Ainda que Pudesse...” e entrega a cada leitor o direito de sentir o Poema partindo de si mesmo, recusando, de certa forma, a prática pré-estabelecida pela formalidade de uma estrutura poética, ele está favorecendo que cada um, a partir de seus próprios conhecimentos, seja também um escritor. Ou poeta. Isto é, criadores de nós mesmos. E a vida, aqui, onde o absurdo da teoria prática se liberta da plasticidade de um wallpaper se refaz em imagem. Refletida ou não, não importa.

    Mas, sem dúvida, uma imagem que ajuda a enfrentar o espelho, porque reflete a realidade do encontro com outras palavras, e outros mundos. E outras gentes.


    Boa semana.


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