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Com medo das inconveniências,
Achava conveniente escolher o medo,
Muito bem de convir é não apontar o dedo,
Ao mesmo dedo que nos acusa de conivências;
Ensina-nos o dedo a apontar o que nos
convém,
O mesmo dedo que sobre o nosso dedo sabe
bem,
O que muito bem sabemos sobre a nossa
consciência,
Só não sabemos o que não sabemos de nossa
demência,
Nem queremos saber da razão que o demente
não tem,
Vai daí, aponta o nosso dedo o lugar de
nossa ausência,
E logo
que vai, desviamos os olhos do dedo que vem!...
Enquanto coçava o cu da mão, achava o
dedo merdoso,
Que todos os seus dedos existiam para
serem medrosos,
Por medo de ser apontado, apontava o dedo
corajoso,
Apontava-se também com seus dedos
corajosos,
Antes que os outros dedos desonrosos,
Apontassem ao seu dedo honroso,
A culpa por estarem furiosos!...
Convinha, convinha e há que convir,
É conveniente respeitar o medo imposto,
Conviessem muitos a verdade da razão a
seguir,
Mas por cada dedo que vai, há-o que está
para vir,
Apontam-se dedos na esperança de garantir
o encosto,
Da mesma mão, há culpados dedos acusados
de desgosto
Atadas estão as mãos que ao tolhimento se
deixaram anuir,
As
mesmas mãos que escondem a pouca vergonha do rosto!...
É mais complicado do que parece, dizem os
dedos instruídos,
As mão devem apresentar-se sempre limpas
como as de Pilatos,
Há dedos felizes sob a ditadura de punhos e são corrompidos,
Não se fazem mão que os responsabilize pelos seus actos!...
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