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Vindo do nada bem guardado,
Sussurrou-se um recado manhoso,
Bem escondido no céu-da-boca anuviado,
“Lábios mornos beijaram lábios de um
corno”,
Chaves do beijo franquearam um infinito
portal,
Revelando beijos escondidos no segredo
sideral,
Ciciados entre cornos da lua em silêncio
sinuoso,
Ao alcance de um confidente ciúme
nervoso,
Perdido na utopia da viagem com retorno,
Onde outros beijos se fizeram adorno,
De lábios etéreos na boca desleal!...
Quando nas bocas caiu um silêncio sinuado,
Os lábios de pedra desfizeram-se em pó sinuoso,
Os lábios de pedra desfizeram-se em pó sinuoso,
Da língua levantou-se pó de um
confidente curioso,
Deram-se as palavras ao consentimento da
morfose,
E do pó se fez olhar aberto ao veneno ruidoso,
Completude de um confidente virtuose!...
Segredou um corno da Lua,
No crescimento do quarto lunar,
No crescimento do quarto lunar,
Á ponta de outro corno da Lua,
Ter visto a noite que era sua,
Ser beijada pelo luar...
Ter visto a noite que era sua,
Ser beijada pelo luar...
Toda Nua!!!!...
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Entre uma extremidade e outra, o poema. E no percurso a hipocrisia social. Além do neologismo, “Corno - Confidente Virtuose”, tematiza uma proposta de estratégia de comunicação, e reflexão, enquanto diálogo e monólogo, sem ruído. Mais que poema, poesia das vias, ou das esquinas da vida. Ou da mesquinhez própria da ausência do conflito moral.
ResponderEliminarNota-se neste poema um diferencial de estilo, ou de ousadia. Uma obra d’Alma é, e sempre será, uma obra inacabada, sempre em construção, e natural, como a própria vida e os dias a serem contados. Entretanto, a impressão, ou sensação que fica para este poema, é que ele ainda se faz história, ou a história ainda não teve seu fim anunciado, embora suas personagens sejam as mesmas.
O espelho, a imagem refletida e a paisagem.
Assim como os versos, embora a imagem se mantenha estática, sou levada, à medida que o poema progride, a uma imagem dentro de outra imagem, e essa a outra e outra. Reflexos de uma poesia que compreende que a fofoca, mais que traição, é um meio de denegrir uma reputação com a intenção de se alcançar uma competição social.
Bocas e ouvidos entre fumaças [“E do pó se fez olhar aberto ao veneno ruidoso,”] confirma minha sensação na escolha da fusão metafórica [“Completude de um confidente virtuose!...”]. Fofoca e confissão, ‘com-ficção’, em qualquer circunstância, uma patologia de ordem social. Diante de um tema tão delicado, a habilidade, ou a perícia d’Alma, aborda com humor e ironia os valores morais que orientam o comportamento humano sem cair na banalização da temática, e deixar de ser ‘virtuose’ para se tornar virose.
Só então me dou conta de que a obra inacabada não é inconclusiva. Pelo contrário. A efemeridade, na subjetividade do tema, exige que as imagens se mesclem com os versos, porque é na absorção do mundo exterior que A. descreve nossos ‘estados interiores’, na leitura de línguas, bocas, ouvidos e experiências que se fazem presentes na poética de sensações, comoções e pensamentos reflexivos.
E o que antes era incômodo, ou perturbador, de repente se transforma em poesia. Realizada a ligação, entre um corno e outro, ou completo o ciclo dia-noite, o beijo sela a história, sem mal entendido, da beleza de toda a nudez desvelada sob um luar... e um olhar encantador.
Boa semana A.!