sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Covardia


Se não houver orgulho que mate,
Esta covardia que nos anda a matar,
Seremos cúmplices deste terrível dislate,
Aqui nos deixamos morrer sem combate,
Enquanto vemos  nossos filhos suplicar,
E tudo que sabemos é definhar,
Neste estado de abate!...

Somos o que dizemos não ser,
Lesmas pálidas coladas aos ossos,
Somos retratos moles dos olhos vossos,
Nos rostos impávidos que fingimos não ver,
E tudo que fazemos é deixarmo-nos morrer,
Abraçados a filhos que já foram nossos!...

Há um brilho intenso,
Esquecido bem no fundo de ti,
Tua Alma é prisioneira do consenso,
Consensual cárcere do teu medo imenso,
Há uma chave de ouro fechada em si,
Que abriu as portas ao contra-senso,
No carcheio de um Judeu que ri!...

Porque tens medo,
De apontar o dedo,
À tua imprópria vida,
Se já a sabes perdida,
Restando o degredo,
De tua honra ferida?!...

Não chores caro tíbio amigo,
São teus filhos que te vão enterrar,
Herdeiros sem força para gritar...
-Acredita na bofetada que te digo-
Poupa-te à visão de um mendigo,
Que por tua covardia ficará a chorar,
Tão triste é saber um filho mendigar,
Preferindo ele ser enterrado contigo,
Por não ter vanglória onde se abrigar!...

Se essa terra sobre teus olhos fechados,
Te deixasse ver o fruto de teu ser tão inerve,
Saberias para o que a covardia serve!...

... e não voltarias a morrer...
Não antes de combater!...
.
.
.



2 comentários:

  1. É maravilhoso ler a poesia que é d'Alma, não apenas pela estética, na riqueza de sua complexidade, mas, e, principalmente pelo desafio de sua expressão poética que extravasa minha pele e meus sentidos, e me alcança, na graça, pela graça de um sorriso, ao me desarmar de minhas certezas.

    Nem é da beleza dos versos, nem das rimas, a “Covardia”, é da lição que me permite experimentar sua força simbólica na comprovação de que mais vale a luta que a vitória, ou a derrota. À medida que a poesia ganha uma dimensão diferenciada à minha vida ela passa a ser um importante veículo de comunicação, porque divulga conhecimento e experiência, assim, assimilo tudo que estiver à minha disposição e transformo em aprendizagem. Não desperdiço a lição e, sobretudo, não negligencio com a experiência poética que me auxilia na descoberta de uma saída, mesmo que seja pela tangente.

    Pela força que me lembra de que preciso ter e na imperfeição de um escrever bonito que não me compete, minha gratidão.


    ¬

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  2. Covardia é oprimir
    medo não é covardia
    medo é só medo
    todos temos medo
    mais poucos são realmente covardes
    covardia é oprimir
    não tenha medo de ter medo
    ninguém é obrigado a ser herói
    só nunca seja vilão

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