terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Arrepio...


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Passou pela unha um olhar cortante,
Insinuou-se ao sabugo com olhar frio,
Deu-lhe a lamber a lâmina deslizante,
E possuiu-o num meigo corte adiante,
Provocando um rente e gélido arrepio,
Na pele de um inciso lábio arrepiante!...

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3 comentários:

  1. Ui!!!!

    As melhoras!
    Que sare depressa.

    Bjs dos Alpes

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  2. Ao contrário da lâmina que dilacera a carne e expõe a ferida que causa “Arrepio...”, a poesia tem a sensibilidade de congregar suas bordas e proporcionar o alívio da dor.

    Delicadamente compassivo, apesar de o sentimento ser de compaixão, a envolvência não é sentimentalista. Nem dramática. Um acidente doméstico, um corte e a linguagem poética é inscrita na carne. Acompanho a trajetória da lâmina e experimento aquela dor como se fosse minha, sem sossego e sem qualquer constrangimento com a verdade, ou com a ilusão dos fatos. Se imaginação, ou não. E não seria essa a intenção? Ou, não seria a intenção da poesia d’Alma em lembrar que não se apreende a verdade sem inscrevê-la em nossa própria carne?

    Do corte, indevidamente cicatrizado, resta a necrose. Nada tão grave. E saio em silêncio. Com a lição e com a dor.


    ¬

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