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Mais do que serem meus Poemas também,
São os Poemas revelações de verdades krystalinas,
Envoltas algumas na conveniência de densas neblinas,
Que escondem as biografias inconvenientes de alguém,
Tão capazes da personagem que mostram, ficar aquém,
Achando que mais vale ser uma ilusão atrás da cortina,
A mostrar-se nada do muito que é ser ninguém!...
É asfixiante a hipocrisia de um Natal decomposto,
Para quem os dias são natais abortados todo ano,
Filhos de iguais natais e de um outro natal germano,
Puros descendentes de si mesmos e seu oposto,
Pais de quem não são e iguais mães sem rosto,
Assexuados hermafroditas de calor ufano,
Escritos na infernal frigidez do desgosto!...
Aqui está mais um mês de Natal,
Dezembro como só ele sabe ser,
Sendo Dezembro imparcial,
De um espaço ancestral,
Onde a luz do anoitecer,
Começa um claro tecer,
De uma fímbria bestial,
Em bestas de fraco suster,
Tão erróneos em seu limite natural,
Tenazmente apegados a um ridículo pascer,
Só ao alcance dos néscios com predestino original,
Apoiados por iguais meios que igualam um parvo literal,
E assim se constrói uma nada de nada no desconjugar do verbo encher!...
Estando com desejo de uma sopinha,
Mas não uma qualquer,
Carla, minha esposa e Mulher,
Sabendo meu gosto por qualquer hipócrita mesquinho,
Comoveu minha vontade pedindo-me com todo o carinho:
-Amor, faz uma sopinha de cebola para esta que tanto te quer!...
Pensando eu nos coitadinhos da vida chorei como um rapazinho,
Lágrimas de cebola, é certo, que eu guardo para dar a quem vier,
Mas venham só os ricos porque, para dar, eu tenho poucochinho,
Sobraram as lágrimas da cebola que com a sopa chorei sozinho,
Guardando, para quem não precisar, delas, o sal numa colher!...
São estas vossas lágrimas sem causa,
Que alimentais com vossa hipócrita solidariedade,
Secando em úteros de vossa hipócrita menopausa,
E do tesão genital que se foi sem dó nem piedade,
Restando o sal das lágrimas de vossa falsidade?!...
Quem dá mais pelo Menino Jesus?...
É dos pés à inocência de ouro maciço,
Prenda para quem aprenda a fazer jus,
De sua viva hipocrisia assinada de cruz;
Não há quem queira dar-lhe o sumiço?...
Bate forte o bater no peito na porta...
trus trus...
trus trus...
Apresenta-se o hipócrita para todo o serviço!...
E tanta fome a pagar Natais cheios de bombas!...
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“Hipocrisia - (Sopinha de Cebola com Lágrimas de Crocodilo)” é emergente e traz à tona o pessoal plenamente articulado com o coletivo. Os temas abordam a hipocrisia da vida social na ânsia visceral da denúncia de um mundo que causa espanto e perplexidade, relacionando-os aos valores que, em aparência, a sociedade apoia e defende, a crítica ao materialismo, e a urgência do ser, no humano versus desumano.
ResponderEliminarO discurso acusatório não é do dedo. É do poema. É da sopa que ilustra uma cena na comparação à hipocrisia de uma lágrima provocada por uma cebola. É da solidariedade de uma compaixão fingida. É da humanidade que nega o Menino Jesus. É da paz que não alimenta nem estômagos, nem espíritos.
Confesso que esperei impaciente por esse poema, no que seria da continuidade ao “Hipocrisia.(I)”. Símbolo da hipocrisia, a máscara permanece. Mas há uma pupila de um Pai Natal e há uma lágrima de cristal. A poesia escreve com minúscula a palavra ‘krystalina’. Há Natal.
E há um homem que escreve um Poema preocupado com a humanidade, tema de eleição da poesia d’Alma. Sua sensibilidade denuncia uma verdade e deixa um espaço para que a poesia aconteça naquele que o lê, e sentindo-a, possa REescrever sua própria história, poética, ou não, e fazer do Natal um dia especial para todos os dias do ano.
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Feliz Natal.
EHEHEH....sopinha de cebola com tomate e alho francês...
ResponderEliminarBjs
Carli
Adoro fotografia e perco-me a olhar
ResponderEliminarpara este Blog...e toda a arte que
cada foto nos mostra.....
Abraço
Boa noite e bem vindo ao meu blog em uma época em que precisamos querer aprender a amar mais....e espero, faço votos que todos queriam....
ResponderEliminarBeijos misturados à sua sopa!
:D