Se não houver orgulho que mate,
Esta covardia que nos anda a matar,
Seremos cúmplices deste terrível dislate,
Aqui nos deixamos morrer sem combate,
Enquanto vemos nossos filhos suplicar,
E tudo que sabemos é definhar,
Neste estado de abate!...
Somos o que dizemos não ser,
Lesmas pálidas coladas aos ossos,
Somos retratos moles dos olhos vossos,
Nos rostos impávidos que fingimos não ver,
E tudo que fazemos é deixarmo-nos morrer,
Abraçados a filhos que já foram nossos!...
Há um brilho intenso,
Esquecido bem no fundo de ti,
Tua Alma é prisioneira do consenso,
Consensual cárcere do teu medo imenso,
Há uma chave de ouro fechada em si,
Que abriu as portas ao contra-senso,
No carcheio de um Judeu que ri!...
Porque tens medo,
De apontar o dedo,
À tua imprópria vida,
Se já a sabes perdida,
Restando o degredo,
De tua honra ferida?!...
Não chores caro tíbio amigo,
São teus filhos que te vão enterrar,
Herdeiros sem força para gritar...
-Acredita na bofetada que te digo-
Poupa-te à visão de um mendigo,
Que por tua covardia ficará a chorar,
Tão triste é saber um filho mendigar,
Preferindo ele ser enterrado contigo,
Por não ter vanglória onde se abrigar!...
Se essa terra sobre teus olhos fechados,
Te deixasse ver o fruto de teu ser tão inerve,
Saberias para o que a covardia serve!...
... e não voltarias a morrer...
Não antes de combater!...
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