terça-feira, 31 de maio de 2011

Política

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Subversiva!...
Insinuas-te entre alfazema e doce mel,
Espalhas no ar o perfume que se some,
Persuasiva!...
Tomes-te por quem te tome,
Serás sempre amante infiel,
Cândida virgem em seu fogoso corcel,
Injusta ofensa da ofendida sem nome,
Promessa farta nas searas de fome,
Cartas de amor em perfumado papel!...
Imersiva!...
Emerges do teu fel,
Afogando em doçuras meladas,
O sabor doce das palavras juradas,
Escondidas no teu calculismo cruel!...

Como é tão nevrítica,
Tua persuasão subversiva,
O emergir da derrota imersiva,
Doentia consciência política!...
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1 comentário:

  1. Nem uma mulher. Nem uma alma. Uma pátria. A política e o cidadão. Um casal. A paixão. E o poema de corpo erótico “Política” confirma a genialidade poética d’Alma.

    Se doente, patológico. Se patológico, saudável. Promovendo a inversão dos conceitos, o verso explica [“Como é tão nevrítica,]” na aparente insanidade, o contrário. A estrofe justifica que a objetividade do tema desenvolvido compreende na importância do entendimento e da prática da consciência política exercida sem o condicionamento mercantil.

    O substantivo feminino. A atração. Na primeira estrofe os versos circulam entre o dinamismo e a fluidez, o ideal e o natural, e semelhante ao erotismo, fruto da fluidificação poética, a suavidade do ritmo ativa todas as sensações [“Subversiva!... / Persuasiva!... / Imersiva!...”]. A linguagem de efeito metafórico incita a fantasia e por um descuido qualquer de leitura o poema aproxima-se da subjetividade. Instala-se então, a confusão mental proposital, enfraquecendo a conclusão do raciocínio objetivo. Refletindo sobre a ilusão, pedimos pausa. Voltamos à leitura e entregamo-nos ao jogo de sedução despertado pelas exclamações e reticências.

    Não há exceção. A poesia d’Alma não foge à regra. Mérito do ritmo, a contração.

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