segunda-feira, 13 de junho de 2011

Amor é... ( Poema I de III+I )

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Noite após noite,
Dia após dia,
Perdida por ti no seio de coisa nenhuma,
Noite após noite,
Sem dias após dias escondidos a levedar,
Noites após noites!...
Amor!...
Numa queda sem fim,
Até te encontrar,
Até esquecer-me de mim,
Não após não,
Sim após sim,
Apenas Amor,
Sem dor,
Apenas coração!...

Amor é viver,
Saber como o fazer,
Amor sou eu,
Este esbelto corpo que é meu,
É a força do querer,
À submissão do meu poder que pensas ser teu!...

Amor é Conquistar, trair, matar…
É o Ser!...
Amor é morrer!...
É desistir de mim, é… Amar!...
É sentir sem sentido,
Sacrificar teu mundo,
Esquecer um amigo!...

Amor é conquista a qualquer custo,
É o desprezo pelo Amor de quem Ama,
Por mais que te pareça injusto!...

Amor é..

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sábado, 11 de junho de 2011

Da Orgia ao Avesso


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Veio um eunuco, um pederasta e um proxeneta,
E um galopim abrindo caminho a toque de sineta,
Todos eles tendo na testa bordados de emulação,
Esvoaçavam na leveza de uma airosa borboleta,
Prometendo muito prazer em caudais de dulcidão,
Tentador remédio santo para males do coração,
Carne mal passada em vez da habitual punheta!...

Enquanto o castrado guardava o harém,
O proxeneta conferia doze putas mal contadas,
Deitando contas à vida de contas mal paradas,
Aguardava um cu impaciente sua vez também,
Ficando das esfomeadas escolhas muito aquém,
Vaginas de outras vaginas por elas enrabichadas!...

Lá continuava o garoto badalando o chocalho,
Com um olho vesgo na puta e outro no vergalho,
Belas esposas do rei eram tentações das arábias,
Sempre guardadas eram cartas fora do baralho,
Trunfos maiores de arriscadas sequências sábias;
Mas… porque não jogar uma cartada?!...
-O eunuco algum prazer há-de ter,
Sem seu badalo, mulheres não podia comer!...
Arriscando, o jovem, uma atrevida jogada,
Seduziu o guardião da tentadora mulherada,
Prometendo por ele algo fazer,
Mas…
O sodomita trejeitando doméstica enciumada,
Numa estranha abordagem capciosa,
Intrometeu sua sodomizante língua gulosa,
Propondo uma sensual orgia combinada,
Sem a vaginal concubina de meretriz horrorosa!...

Já doze línguas trabalhavam nos clitóris do harém,
Sentindo línguas do deserto em seus clitóris também,
Quando o chulo desconfiando do número que viu,
Mandou tudo para as putas que as pariu,
Castigou a primeira fêmea em pleno orgasmo,
Que entrelaçada em todo aquele entusiasmo,
Nem a pancada sentiu,
E, vindo-se violentamente num longo espasmo,
De outros espasmos de prazer não desistiu,
Humilhando o reles homenzinho,
Que, cego pelo ódio do seu interesse mesquinho,
Em vez de uma das suas doze putas sem lei,
Agredira a mais bela das esposas do rei!!!!...
Com cinco dedos bem fustigados na seda da face delicada,
E um olho todo negrinho por conta da agressão,
Perdeu o proxeneta o traseiro tesão,
Ganhando uma certeza adivinhada,
De arrepiar fortes machões de vida obstinada,
Capões inatos de falhada circuncisão,
Falo castrado pela cimitarra de um eunuco capão,
Castigada vida por reles vida castigada!...

Entretanto,
O corpulento e castrado guardião,
Confundido por um insuspeito plano inocente,
Deliciava-se com o garoto atrevido,
Que lhe sussurrando papilas húmidas no ouvido,
Estava ansioso pelo seu paradisíaco presente,
Irresistíveis mulheres ardendo em sangue quente,
Prontas para foderem um galopim atrevido!...

E tudo corria bem;
O eunuco entre suspiros vibrava,
O garotelho em putas e outras mulheres pensava,
E, não havendo mais homens, também,
Avançaram as putas livres de quem as aprisionava,
Para satisfazerem seus desejos de mulher libertada,
Enquanto espreitava na sombra o harém,
Arrepiado de desejo, com medo, porém,
Já que seu guarda ainda as guardava!...

O rapazote já não tocava a sineta,
Com doze putas que lhe ofereciam,
Substituindo a sensaborona punheta,
O bacanal era um céu de outro planeta,
Onde quase todos os sentidos se perdiam,
Pela passagem em chamas de um cometa,
Que incendiara a alma de um estranho poeta!...

Escreveu a testemunha sobre este triângulo ordinário,
Descrevendo em acta o sentimento perdulário,
De um eunuco que virou proxeneta meigo,
Um proxeneta que deu em guardião solidário,
Doze putas escondidas da lei,
Transformaram-se no harém do rei,
E rainhas que mudaram seu vocabulário;
Quanto ao jovem leigo,
Esse aprendiz de fraco peido,
É príncipe da criadagem grei,
Literatelho de fraco povo literário!...

Há quem não sendo, seja o que é,
Sendo que não é o que quer ser,
Parecendo não ser São Tomé,
Ainda que não vendo… o crer!...
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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Imperfeito Hermafrodita




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Deslizando entre precisos raios de sol,
Ao longo do afiado fio frio da navalha,
Barbeia-se a calma de um caracol!...

Ao longo do fio da mesma navalha,
Espreguiça-se a serenidade de outro caracol,
Na direcção oposta entre raios de Sol!...

Imóveis, no meio exacto do frio da navalha,
Dorme a tranquilidade de um e outro caracol,
Cortando-se da noite, um escondido raio de sol,
Adormece no fio perfeito da lâmina que falha!...

Um corte viscoso escorre ao longo do fio,
Perfeição lenta da lenta morte do cio!...

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Flor


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…Agora, em cada palpitar de Vida,
Semeemos desejos simples de meiga flor,
Cuidado bem-me-quer ou silvestre margarida,
Reguem-se com sorrisos de esperança renascida,
E inalemos os suaves aromas do Amor!...

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Monstruosidade




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…Depois chegou a Europa dos ateus,
Dos imperadores do dinheiro,
E dos Judeus!...
Heil, demoníaco mensageiro,
A história que te tem como carniceiro,
É a mesma que está a chacinar Europeus!...
A Classe média, remediados, pobres e todos os seus,
São sugados até ao osso num usurário plano financeiro!

Hei, Lars Von Trier e outros independentes,
Muitos outros sentirão o ressuscitar da voz,
O grito esmagará esse filme atroz,
Dos protegidos publicamente,
Pelo poder que não consente,
A contestação de todos nós!...
Mas, tal como em vós,
O grito será pertinente,
Revoltado mas consciente,
Por tão fartos dos coitadinhos,
Que semeiam em nossos caminhos,
Vampíricos argumentos e a sua semente,
Sugando-nos o sangue ainda quente,
Que nos escorre da coroa de espinhos!...

Hollywood é criminoso processo,
Apontado ao alvo na nossa testa,
É o filme de uma raça em festa,
Após a realização com sucesso,
Do indubitável drama  impresso!...

A vítima ressuscitou a besta irada,
“Heil, Hitler!...”
E, tal como o monstro deve ter previsto,
A Europa foi traiçoeiramente coroada,
Por falsos europeus de Social fachada,
Financiados pelos traidores de Cristo!...

Há um cheiro fúnebre naquela cor estrangeira,
Escorrendo pela face triste de nossa bandeira,
Fecham-se pálpebras sobre uma morte lenta,
Estreitam-se crinas cruzadas de uma peneira,
Para que só passe a Esperança e Água benta,
Separe os demónios daquela Fé que aumenta,
E nos purifique a Alma da possessa cegueira!...


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sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Erguer da Queda


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A queda do arlequim mirabolante,
Que, divertido, nos fez rebentar de cansaço,
É gargalhada que ergueu o circo a outro palhaço,
Gritando, agora, vogais roucas de uma consoante,
Que rasgam as goelas de um histrião hesitante,
Derivando entre a revolta e o frágil ameaço,
De partir seus pés de barro degradante!...

Todos se riram da anunciada desgraça,
Todos choraram chalaças de tanto rir,
E esse palhaço ainda nos ameaça,
Com o palhaço que está para vir!...

Muitos morrerão de riso,
Muitos palhaços rirão até morrer,
E poucos compreenderão o aviso!...

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tão... ironia

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…Tão estafado de tudo,
Tão mudo!..
Tão vazio do que não dou,
Tão aprendiz de meu estudo!...
Tão farto do lugar onde não estou,
Tão cheio do nada que te dou,
Tão certo de mim, sobretudo…
Tão irónico que sou!...

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terça-feira, 31 de maio de 2011

Política

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Subversiva!...
Insinuas-te entre alfazema e doce mel,
Espalhas no ar o perfume que se some,
Persuasiva!...
Tomes-te por quem te tome,
Serás sempre amante infiel,
Cândida virgem em seu fogoso corcel,
Injusta ofensa da ofendida sem nome,
Promessa farta nas searas de fome,
Cartas de amor em perfumado papel!...
Imersiva!...
Emerges do teu fel,
Afogando em doçuras meladas,
O sabor doce das palavras juradas,
Escondidas no teu calculismo cruel!...

Como é tão nevrítica,
Tua persuasão subversiva,
O emergir da derrota imersiva,
Doentia consciência política!...
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domingo, 29 de maio de 2011

..do Canto


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"É no teu canto que eu canto,
Quando adivinho em teu canto,
O canto que no canto se faz memória,
Aninha-se em cantos a desaparecida glória,
Cantos onde cantos mudos já não causam espanto,
Por ávido canto de estrelas onde canta a escória!...
Há o refúgio suave de asas ao vento em teu recanto,
Onde os teus Poemas são serenos registos de Victória!..."

Roubei eu,
Este Poema que dei,
E se ao dá-lo, bem o pensei,
Não penso que seja só Poema meu,
É também de quem no seu canto o recebeu,
Sem saber do pouco que de seu canto sei,
É Poema que ao lho dar ele mo deu,
Comentário rimado que roubei!...

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Medo

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Tenho uma estranha história para lhes contar,
Sobre uma figura de nome Zé povinho,
-Talvez já tenham ouvido falar!...
Certo dia ao ver o trabalho passar,
Vi o “queres fiado” muito sozinho,
Com seu braço caído em desalinho,
Sendo espancado por quem o andava a roubar!...

Não me contendo…
Nem pestanejei!...
“Enquanto a ti te vai doendo,
E o verdugo contigo se vai entretendo,
Folgo eu”, pensei!...
Ficando calado e quietinho,
Vi o desgraçado do Povinho,
Levar tantas que nem vos direi,
Só sei,
Que, já sem reacção,
O Zé abriu um olho todo ceguinho,
Para ver alguém muito arranjadinho,
Oferecendo-lhe sua muito limpa mão;
-Vem, amigo Zé, vou dar-te riqueza e carinho!...
Continuando a ser amassado,
Pelo Diabo que o continuava a amassar;
 Então, traído por um lampejo alienado,
Foi, por uma réstia de hesitação, assaltado,
E, num sobressalto, ficou a meio caminho,
De ser libertado!...
Mas, como há sempre um "mas",
 Nas certezas  dos Zés,
Para não variar,
Até o medo o resolveu assaltar,
Tolhendo-lhe os pés!...
Aconteceu o seguinte revés;
Desconfiando de não sobrar,
Quem não o quisesse roubar,
Ao invés,
Em vez da fuga de lés a lés,
Que até do poderia safar,
Disse baixinho para com a sua burrice:
-E se aquele candidato à fonte me quiser julgar?!...
Ainda me lembro do que este me disse,
Será que, se eu fugisse,
Seria capaz de me deitar,
E adormecer sem medo de respirar,
A incolor cor do democrático ar?!...
E lá voltou o seu medo,
A ser assaltado por mais medo,
Que não o deixava enfrentar,
Os medos do seu manipulado degredo!...
Entre um lés de dignidade,
E o outro lés de carneiro dependente do cajado,
Arrepiou caminho preferindo continuar a ser sovado,
Por quem lhe sempre negou qualquer legitimidade,
De ser livre para decidir seu próprio fado!

-Pelo menos já sei como este bate,
E o outro talvez até me mate!...
Pensou o Zé Povinho com renovado vigor,
-Vai de retro diabo tentador!...
Gritou, a custo, o pobre coitado,
Antecipando o pagamento do fiado,
Não riscado no livro do mesmo estupor!... 

Não se sabe bem como tem sobrevivido,
Mas, sabe-se que o Povo é sempre forte,
E, às vezes, para fugir ao medo da morte,
É bem capaz de foder quem o tem fodido!...

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