sábado, 15 de outubro de 2011

Masturb.360

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Masturbava o cérebro,
Ejaculava neurónios,
E desfalecia a seguir com um ar acéfalo,
Possuído por demónios,
Por momentos!...
Depois recuperava,
Abraçava a luxúria de seus pensamentos,
E voltava às contas de cabeça,
Procurando respostas virgens,
Mas… nada!...
Repetiam-se no pecado carnal das luas,
Respostas de vai e vem,
Sempre nuas,
Rosto da beleza de alguém,
Despidas de qualquer interesse,
Muito batidas!...
Um dia, num dos seus desfalecimentos,
Recuperando da perda de consciência sentida,
Enquanto perdia o sentido da consciência perdida,
Sentiu um aperto autoritário bem no cu das meninges,
E voltou a vir-se abaixo das ideias;
Enquanto o cego não se veio das candeias,
Probóscides de luz vinham-se em iluminadas esfinges,
E entre flashes voadores extasiados demais,
Sonhou com masturbações intelectuais,
Cheias de luz,
Com respostas inteligentes nunca antes desfloradas,
Ejaculadas,
E os significados múltiplos de lascivos rituais!...
Encontraria tal resposta,
Iluminada fonte dos secretos prazeres?!...

Dessa vez,
Na vontade de recuperar o último neurónio,
Já nos braços de Morfeu,
Caído nos gostos do demónio,
E no prazer que a ideia lhe deu,
Esforçando-se por continuar no cu dos sentidos,
Continuou a sonhar com respostas;
Respostas cada vez mais inteligentes,
Respostas cada vez mais filosóficas,
Sensuais e concupiscentes,
Pecados de envolvências católicas,
Respostas cada vez mais poderosas!...
Depois de tantas e tentadoras respostas,
Sonhou que todas elas,
 As respostas,
Masturbavam o cérebro,
Ejaculavam os neurónios,
E desfaleciam de seguida com ar acéfalo,
Possuídas por demónios,
Por momentos!...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Liberdade de Expressão

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A democracia de tão mal ensinada,
Abre-se a toda a liberdade expressada,
Acaba vulgarmente caída na vulgarização,
Qualquer capaz razão pode ser contestada,
Idiotas têm toda a liberdade de expressão,
Contestam mesmo o alvo da contestação,
Manifestação Democrática já vulgarizada,
Pela vulgar liberdade de interpretação,
Pérola por porcos mal interpretada!...

Tão ingénua é a palavra instintiva,
Força desperdiçada pelo expressar,
Animalesca manifestação impulsiva,
Essa estranha liberdade interpretativa,
Dos pensamentos livres para interpretar,
Catervas já mudas por tão febril protestar,
Contra o velho desprezo de surdez ofensiva,
Museu de cera da expressão inexpressiva!...

A imagem da morte por tão vulgar,
Amortece os sofrimentos sem sentido,
É vulgar sofrer na vulgaridade de ter vivido,
Lugares comuns do ser morto e poder matar,
Cadáver expresso na liberdade de expressar,
Falar por falar da dor sem nunca ter sofrido!...

Nos corredores do poder circula um rumor,
Não se ouve nem um pestanejar do ruidoso povo,
Como se as galinhas deixassem de o ser para ser ovo,
Fechando-se num perturbante silêncio ensurdecedor,
Dos ladrões de colarinho branco apodera-se o temor,
Em silêncio vai expressar-se um mundo novo!...

Quando a um Povo mal-educado,
Se dá toda a expressão da Liberdade,
O mais certo é promiscuir-se a verdade,
Com a má educação desse Povo abandonado,
Deixado a falar sozinho no direito que lhe fora dado!...

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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

(r)Evolução

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Afinal,
A Revolução,
Visual,
É brutal,
Ilusão,
Do mesmo padrão,
Ritual,
Em execução,
Verbal,
Manipulação,
Causal,
Da superior raça magistral,
Monstruosa pretensão,
Filhos da sabedoria cabal
a. Subversão,
Domadores do animal,
Adiada Evolução!...
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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Apocalipse

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Não pisarás o verde da terra,
Não verás o azul do céu,
Serás um prisioneiro de guerra,
Serás réu!...
Não verás uma alma bondosa,
Não verás um rosto rosado,
Não verás uma pele mimosa,
Não verás um corpo lavado!...
Não terás um trapo,
Um trapo serás,
Morrerás de frio,
Serás um condenado nato!...
Não encontrarás um rio,
Sentir-te-ás fraco,
Beberás ácido da bexiga de um porco,
Tua alma sorverás, comerás bocados do teu corpo,
Até pouco restar,
Do teu filho inocente,
Rebento de teu sangue comido ao jantar!...
Mas… resistirás!...
A carne vais deixar de comer,
Teu corpo carcomido,
Será nojento;
Arrastar-te-ás sem poder algum,
Já não serás violento,
Teu refúgio será no jejum,
Não falarás,
Porque tua língua já comeste,
E cego como ficarás,
Do que sofreste,
 Pouco verás!...

Definharemos num pesadelo agitado,
Sufocados no vómito da nossa mente distorcida,
Asquerosa podridão engolida por um grito abafado,
Até a Alma de toda a Humanidade ser digerida,
No caos da bombardeada terra exaurida,
Na vergonha do homem culpado!...

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domingo, 9 de outubro de 2011

Humanidade Suicida

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A ganância neste doente Planeta,
É uma doença que continua a alastrar,
Tumor maligno que ninguém quer curar,
Pulmão árido onde se extingue um cometa,
Genético sangue de tão modificada plaqueta,
Soros que fluem dos voos que se vão suicidar,
Asas caídas de uma coleccionada borboleta,
Longe dos olhos verdes de verde olhar,
Onde se esconde uma secreta violeta!...

O que é esta estranha Terra suicida,
Onde o capitalismo vive da caridade,
E o resto da Humanidade,
Morre perdida,
No significado da Vida,
Enterrada na soberba vaidade,
De cobrir-se com o ouro homicida,
E deixa morrer a bondade?!...
Morre a verdade,
Na vontade falsa de morrer,
O contágio vai continuar a crescer,
Um dia virá em que o capitalista viverá da piedade,
Dia que vive na mesma Terra onde vai nascer,
O princípio básico da igualdade!...

Mas como os habitantes deste estranho planeta não são de fiar,
É justo, por mais injusto que pareça, duvidar!....
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sábado, 8 de outubro de 2011

Jesus [segundo]

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Anjo negro,
Juiz novo,
Ergue-se lento,
Esmaga o ovo,
Escolhe e do além te chama,
Acusa-te de ser estorvo,
Culpa-te de ídolo sem fama!...

Anjo negro,
Juiz novo,
Ergue-se lento,
Cospe fogo,
Aponta o destino e o punho cerra,
Vagueia frio sem razão,
Pesado sem tocar o chão,
Por entre as rugas da terra;
Não rasteja,
Não voa,
Não reza…
Não perdoa!...

-Porquê?!...
Pensas tu com medo,
Sem veres que já não vês o mundo,
E ele diz: -Sou rei Jesus II (segundo)
Será este teu último segredo!...

Botas negras, duras, brilhantes,
Sandálias de pescador gastas,
Esquecidas,
Pó velho de novas castas,
Redenção,
Negação de raças distantes,
Revolta das batalhas perdidas,
Brilho de ódio-estrela,
Sombra sobre vidas,
Diamantes,
Novos milagres,
Voluntários suicidas!...
Qual peixe?!...
Qual Pão?!...
Milagres?!...
Não…  belos monstros covardes!...

-Porquê?!...
Pensas tu com medo,
Sem veres que já não vês o mundo,
E ele diz: -Sou rei Jesus II (segundo)
Será este teu último segredo!...

 Chuva que não molha,
Chuva que queima,
Miudinha,
Cevada que pinga no fumo que te olha,
Chagas profundas cobertas de morfina!...
Milagres?!...
Pão?!...
Rosas?!...
Vampiros alados!...
Adeus mariposas,
Adeus pelicanos,
Adeus cravos, trevos e mimosas,
Adeus amores perfeitos, adeus rosas,
Adeus cores e aromas de mil planos,
Adeus brancas pombas...
Saboreiem este cocktail de bombas!...
Adeus Humanos!...

Milagre!...
Milagres novos,
Chocam outros ovos,
Aninhados bem lá no fundo,
E ele diz: -Sou rei Jesus II.

Fraco, encosta-se a ti,
Abre os olhos ao negro céu,
Olha tuas lágrimas nos olhos e sorri,
Baixa a cabeça, escorre-lhe o véu!...

Abraças aquele alívio profundo,
E dizes: -És rei Jesus II (segundo)

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Prémio Nobel da Pás

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Esta criatura não é responsável pelo que faz,
É apenas mais um que se aproveita de um Hino!...
Assassinos assassinam um conveniente assassino.
Escolhido para ser manipulado fantoche contumaz,
Uma marioneta emaranhada numa política mordaz,
De mãos atadas por fios do outro reivindicado divino,
Não aquele a quem entregaram à dor do seu  Destino…
A estrela celeste protegida pela eterna câmara de gás,
Continua a disparar cravos na significação do peregrino,
Até que rios de sangue sejam mares deixados para trás!...

Se para chegar ao sangue alheio,
For preciso varrer inocentes pelo meio,
Serão legítimas vítimas da ganância tenaz,
Anti-semitas atravessadas no caminho do veio,
Danos colaterais que aprenderão como se faz,
A derradeira diáspora para o caminho da Paz!...

Não, esta criatura não pode ser acusado do que faz,
Porque recebeu a imunidade do Prémio Nobel da pás!...

Olho por olho e dente por dente,
Alguém assina a ordem assassina!...
Será o caos da Humanidade doente,
Espoliada de sua condição decente,
Só porque uma capitalista doutrina,
Escondida por uma criminosa neblina,
Revela-se afinal uma pura raça crente,
Do que parecia manifestação latente,
Que de inocente só tinha a cortina?!...

Não, esta criatura não pode ser culpado do que faz,
Pois antes de assassinar inimigos dos usurários em sua rotina,
Foi ilibado pelo, a si atribuído, Prémio Nobel da pás!...

…essas, com que se abrem as covas onde se enterra a verdadeira Paz!...

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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Lucy in the Sofa Without Diamondes

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Colhidos no sofá,
No conforto em que nos amamos,
Provo fungos mágicos das ideias que cultivamos,
Cioso da minha certeza na certeza de que não há,
Esfiapo alucinações em esfumado fiapo que sobrará,
Fio muito fino amarrado às dúvidas que despojamos,
Visão alucinada dependente do que não se verá!...

Crescem cogumelos em coleantes sofás mundanos,
Zig-zag envenenado entre nuvens de luz confusas,
Metamorfose psicadélica em raios de traições difusas,
Poeira leve que flutua na órbita do teu corpo celeste,
Arcada orbital tua de minhas ténues visões oclusas,
Formadas de teu corpo que delas por mim se despe,
Amanita ressuscitante da vida que por ti se veste,
Conforto no aconchego fraco de vistas obtusas,
Alucinatório de improvisada cama agreste!...

Aludas solarizadas em frascos de mil cores,
Nadam intermitentes em filtros de asas casuais,
Desaparecem no desencontro de mil neons brumais,
Afogados voos comprimidos na descompressão de mil amores,
Alucinando prólogos finais em assinados sofás pensadores,
Personalizando efeito vertiginoso no ciúme dos sinais,
Singular refúgio acolhedor, analgésico de mil dores,
Susceptíveis trips de mordazes despeitos fatais!...

Só, em nossa fria cama de triste solidão imensa,
Recolhes-te em concha de pérola solitária abandonada,
Implodes teus gritos silenciados por tua dor intensa,
Bebes tuas lágrimas imerecidas de imerecidas ofensas,
Aumenta a certeza da minha sede de dúvida revoltada,
Encho-me na fome de ti por tua ausência subordinada,
Imenso amor aflitivo que teu amor aflitivo não dispensa,
Exíguo conforto recostado no medo de tua sentença,
Esse sofá nosso, noites frias de minha madrugada!...

Lágrimas solarizadas sob copas de laminadas alucinações,
Filtros tingidores de nossa Alma que novas cores abomina,
Procuram brandas brancuras de lençóis que a clareza reanima,
Rasgando adrenalinas míopes de conseguidas ilusões,
Mistérios desvendados na consciência dos corações,
Irresistível tentação prismal que por ambos se anima!...

Lágrima triste que nosso choro não chora,
Escorre em nosso sofá negro que me recebe,
Análise deturpada afogando quem de si bebe,
Alaga tua almofada enchida com sonhos doutrora,
Só não mancha os lençóis que nosso Amor vigora!...




Quando pensares que um sofá é cama segura de acolhimento,
Capaz de apaziguar o venenoso cogumelo fodido que te devora,
Sentirás numa só noite a verdade de teu verdadeiro sentimento!...

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Maisena

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… malícia da cúmplice brisa,
Benditos seios sensuais ao frio,
Nas fartas copas de seda leve e lisa,
Mamilos involuntários…  arrepio!...

Desatinado pelos arrebitadinhos que vi,
Experimentei o fresco consultório da psicologia,
Espaço cúbico de uma circular quadratura bem fria,
Aumentou-se-me o desatino com o calafrio que senti,
Mais desatinei com o que entre minhas pernas encolhia!...

Pós de Édipo libertam a libido fechada na lata de leite condensado,
Mães voluntárias protegem seus filhotes entre seus quilos de maisena,
As embalagens que mães escondem nos enlatados peitos de amor desconcentrado,
Salvam olhos lânguidos vestidos de indiferença diante do sexo indefinido por transformado,
Anjos sopram óvulos de silicone nas trompas de Falópio e a carne é imagem obscena!...

Um par de ternuras penduradas no chão,
Caiu e espelhou-se no duplo reflexo do imaginário,
Espalharam-se Mamilos aborrecidos do desejo diário,
Endurecem no rosado desejo da sagrada tentação,
Num sofá desanda o assento da obsessão,
Parede erguida no sentido contrário!...

Uma mulher fresca entra na psicologia do consultório,
As mãos da mente são a língua de um exame obrigatório,
Uma brisa refresca o psicólogo asfixiado no calor,
Tanta frescura deve ser tratada com fervor,
Penetra a caneta no útero do  relatório!...
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sábado, 1 de outubro de 2011

Eterna


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O tempo amaciado de quietude,
Adormece calmo o medo da idade,
Aos velhos berços de perpétua saudade,
São eternamente sonegados anos amiúde,
E antes que a inevitabilidade perdurável mude,
Há vedores que descobrem a eterna felicidade,
Com perenes varinhas de sua mocidade,
Afogadas na fonte da juventude!...

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