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Masturbava o cérebro,
Ejaculava neurónios,
E desfalecia a seguir com um ar acéfalo,
Possuído por demónios,
Por momentos!...
Depois recuperava,
Abraçava a luxúria de seus pensamentos,
E voltava às contas de cabeça,
Procurando respostas virgens,
Mas… nada!...
Repetiam-se no pecado carnal das luas,
Respostas de vai e vem,
Sempre nuas,
Rosto da beleza de alguém,
Despidas de qualquer interesse,
Muito batidas!...
Um dia, num dos seus desfalecimentos,
Recuperando da perda de consciência sentida,
Enquanto perdia o sentido da consciência perdida,
Sentiu um aperto autoritário bem no cu das meninges,
E voltou a vir-se abaixo das ideias;
Enquanto o cego não se veio das candeias,
Probóscides de luz vinham-se em iluminadas esfinges,
E entre flashes voadores extasiados demais,
Sonhou com masturbações intelectuais,
Cheias de luz,
Com respostas inteligentes nunca antes desfloradas,
Ejaculadas,
E os significados múltiplos de lascivos rituais!...
Encontraria tal resposta,
Iluminada fonte dos secretos prazeres?!...
Dessa vez,
Na vontade de recuperar o último neurónio,
Já nos braços de Morfeu,
Caído nos gostos do demónio,
E no prazer que a ideia lhe deu,
Esforçando-se por continuar no cu dos sentidos,
Continuou a sonhar com respostas;
Respostas cada vez mais inteligentes,
Respostas cada vez mais filosóficas,
Sensuais e concupiscentes,
Pecados de envolvências católicas,
Respostas cada vez mais poderosas!...
Depois de tantas e tentadoras respostas,
Sonhou que todas elas,
As respostas,
Masturbavam o cérebro,
Ejaculavam os neurónios,
E desfaleciam de seguida com ar acéfalo,
Possuídas por demónios,
Por momentos!...
Resultado de pensar demais!!! E não ter respostas, e não encontrar sentido, para um sentido tão batido.
ResponderEliminarNão há respostas "virgens"...como , tantas vezes,...simplesmente Não há respostas!!!
ResponderEliminarTe abraço
...masturbo-me "a capite ad calcem" ...logo existo!!
ResponderEliminar...ah..este poema!
Cérebro e genitália unidos por uma poética em comum, apesar de seus contrates e aparentes contradições, é matéria de temática humana no poema “Masturb.360”, configurando o percurso de busca da consciência no conhecimento do prazer, ou do desejo, que não é corpo, mas do saber que não finda com a satisfação sexual.
ResponderEliminarA construção erótica é gráfica [“Continuou a sonhar com respostas; / Respostas cada vez mais inteligentes,”] e como tal, consumida na carnalidade efêmera [“Sensuais e concupiscentes, / Pecados de envolvências católicas,”] e pertinente ao imaginário.
Na metáfora da circularidade que completa um ciclo sem saída, sonho e realidade [‘Sonhou / respostas’], desejo e prazer, [‘cérebro / neurônios’] contraria o simbolismo da fusão, porque todo isolamento é solitário.
Não há sabedoria sem aprendizagem. Não há prazer sem amor. Assim como não há poesia d’Alma sem a oportunidade da reflexão.
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