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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Rebusco

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No final das vindimas,
Já não corre à solta o riso patusco,
Nem se recorta o gesto das pantominas,
Na sombra da luz das velhas lamparinas,
Que iluminavam as estórias do rebusco,
Combinadas com as tesouras traquinas,
Desafiadas pelo cacho mais robusto!...

Um ancião com estórias infinitas no olhar,
Falava aos gaiatos que o ficavam a contemplar,
Atentos às sábias palavras que sempre trazia consigo,
-Filhos, não esqueçam o que em boa verdade vos digo,
Nem respiravam, os petizes, para o ouvir falar,
-É importante haver alguém em quem confiar,
Para que não haja necessidade de procurar o respigo,
     Que no fim da vindima, os vossos filhos vêm rebuscar!...

Há três bagos escondidos atrás da folha da videira,
Aguardando o filho de quem os ajudou a esconder,
Há vinhas ocultas cultivadas por ignorante cegueira,
Abandonadas na sombra vindimada da culpa solteira,
Amantes de misteriosas sombras que ficaram a dever,
A Luz solar nas encostas de costas deitadas na asneira,
Deixando que videiras sem memória ficassem a arder,
Entre obscuros bardos de cachos parados de crescer,
Quando as cepas vivas foram queimadas na fogueira,
    Dos cheques inflamáveis que ninguém quis deter!...

Há um provecto a deixar escorrer um sorriso,
Quando afaga a escola retomada da necessidade,
Há ainda outro velho sábio com um sentido preciso,
Protegendo três bagos no olhar de um gaiato indeciso,
     Entre o respigo perdido e o renascido rebusco na vontade!...

Um moço vivaço com a luz de um candeeiro reflectido no olhar,
Conta estórias sobre três bagos maduros de vaidade,
    Que muitas famílias ajudaram a sustentar!...
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