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Alongaram-se os chambrinhos desbotados,
Aduzidos às rendas a que não tiveram
direito,
Mãos grossas trabalharam lavores do seu
peito,
Peito e peitos de ternura com carinhos
dourados,
Com outro peito rendilhou pressas de
rendados,
Um recém-nascido foi filho do desejo
perfeito,
Tão perfeito, que outros foram segregados!...
Voa a manca apressada para o ninho de
ouro,
Leva consigo o orgulho engolido do
queixume,
Regressa esvoaçante com uma coroa de
louro,
Velhos desejos desse seu verdadeiro
tesouro,
Pobre esquecida de outra inocente implume!...
São asas sempre velhas da velha necedade,
Estrambólica vergonha desfeita em
bordados,
Sobrepõem-se as velhas linhas de ridícula
vaidade,
Com novas agulhas dobradas aos pés dos
adorados;
É na fímbria longínqua dos chambrinhos sem
idade,
Aformoseados por pontos obrigatórios de afinidade,
Que filhos da mesma agulha espetam os enteados!...
*
Há mãos tão desejosas de serem máquinas
de costura,
Que bordam chambrinhos com miseráveis
linhas infelizes,
Espetando agulhas às cegas nos olhos de quem as atura!..
Espetando agulhas às cegas nos olhos de quem as atura!..
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