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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Duas agulhas, Duas Linhas e Dois Chambrinhos


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Alongaram-se os chambrinhos desbotados,
Aduzidos às rendas a que não tiveram direito,
Mãos grossas trabalharam lavores do seu peito,
Peito e peitos de ternura com carinhos dourados,
Com outro peito rendilhou pressas de rendados,
Um recém-nascido foi filho do desejo perfeito,
     Tão perfeito, que outros foram segregados!...

Voa a manca apressada para o ninho de ouro,
Leva consigo o orgulho engolido do queixume,
Regressa esvoaçante com uma coroa de louro,
Velhos desejos desse seu verdadeiro tesouro,
   Pobre esquecida de outra inocente implume!...
 
São asas sempre velhas da velha necedade,
Estrambólica vergonha desfeita em bordados,
Sobrepõem-se as velhas linhas de ridícula vaidade,
Com novas agulhas dobradas aos pés dos adorados;
É na fímbria longínqua dos chambrinhos sem idade,
Aformoseados por pontos obrigatórios de afinidade,
    Que filhos da mesma agulha espetam os enteados!...

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Há mãos tão desejosas de serem máquinas de costura,
Que bordam chambrinhos com miseráveis linhas infelizes,
   Espetando agulhas às cegas nos olhos de quem as atura!..

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