segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Estranha.Poetisa

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Estranha poetisa desinspirada,
Estranheza de pontos severos,
Senhora da palavra ressumada,
Entre as palavras seca e coada,
Prosaica seguidora,
Prosa de salteadora,
Estranhos seus olhares austeros,
Afixados com desabafos sinceros,
Sobre a desinspiração consumada,
   De velha senhora!..

Poetisa e estranha,
A poetisa e a poesia,
Que dela se assanha,
E só nela se entranha,
A sua estranha ironia,
De ser prosa tamanha,
    Em ressessa agonia!...

Há estranhas moscas a voar das linhas,
Pautadas em velhas carnes desusadas,
Voam inclusas nas consciências pesadas,
Inconscientes do sol que as fez rainhas,
E fez poetisas de palavras consagradas,
Poesia protectora,
Caem as linhas e as moscas sozinhas,
Caídas, choram suas asas queimadas,
    Asas de velha senhora!...

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3 comentários:

  1. Há no tema da mensagem, como toda a viagem e um percurso, um destino característico da luminosidade da poesia d’Alma, que encontra na deambulação errática do substantivo feminino um desenvolvimento, senão doloroso, quase cruel, e, embora o caminho percorrido seja curto, não deixa de ser acidental, ou desastroso. O que me faz pensar que, entrar no universo de “Estranha.Poetisa” e procurar um lugar dentro do Poema, parece ser um caminho sem volta. Por ser tão enigmático, mas não irrelevante, à circunstância que me cabe nele.

    Entretanto, a Poesia existe. E se, os objetos, ou os sentimentos estão longe de serem todos nomeados, ou tocáveis, e a maior parte dos fatos ocorrem num espaço de tempo em que nenhuma palavra é capaz de uma definição exata de seu sentido, menos suscetíveis de expressão do que qualquer objeto são os Poemas d’Alma. E mesmo quando sei que não há nada menos apropriado para tocar uma obra de Arte do que um comentário que resulta num mal-entendido mais ou menos satisfatório, ouso a comentar. Não pela hipótese de defesa, ou acusação, mas pela admiração da crítica que está no lugar esperado, e ideal.

    Afinal, não é a vida que é feia, ou desestimuladora, ou o caminho que não é agradável, mas o olhar que não depura uma paisagem. E lendo esse Poema concluo que ele parece ser, não apenas sobre a vulgaridade com que a inspiração é motivada, ou pela ausência de personalidade, mas sobre o lugar que cabe a certas pessoas. Um lugar que pode ser de dentro, ou de fora, mas é imprescindível que seja de seu autor.

    À imagem e semelhança de uma viagem, a poesia não fica à margem da indiferença, e d’Alma mantém sua posição de observador e crítico, pontuando com força a sua habilidade em provocar a ira. E a obra se encerra com a condição feminina em desuso em pleno voo fúnebre, mas onde somente pode ser encontrada a verdadeira maturidade da mulher e, por que não, também da poetisa. Uma, pronta para reconstruir plenamente suas asas, e a outra, para expressar, através do voo, seu aprendizado poético. Não importando se construído em inspirações, respirações ou mesmo ‘desinspirações’. Prevalece o voo, as asas, e toda a poesia que existe em cada uma dessas... poetisas. Ainda que ‘Estranhas.’.


    Boa semana.

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  2. Parece que você lê mesmo "essas coisas" que vou gravando aqui no meu "arquivo poético". Na verdade, este meu arquivo, é um pequeno PO (posto de observação), não apenas das habilidades literárias dos observados, mas, e também, da humildade que o saber lhes oferece!... É importante ser humilde, sem que isso signifique ser um cordeiro conformado com o abate. Saber aceitar essa humildade sem deixar de ser o que se é, é algo de intocável e ser-se mais do que os espectro branco em redoma de luz. Não há milagres... ou talvez o haja!...


    Abraço, Teresa Alves, e bem haja pela paciência de ler e interpretar sem complexos, estas coisas d'Alma

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