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O acre do doce poema com hortelã e pimenta,
Não chega à porcelana do fino poeta breviário,
Quão breve é o sal nas vagas do seu dicionário,
E o vinagre que dos fortes vinhos dão à ementa,
Preferindo temperar os versos com água-benta,
E a poesia fidalga com um insípido vocabulário,
Dietético pé-de-salsa de tão débil alma sedenta...
Como é generosa a poética da branca fidalguia,
Uma aguada canja de galinha escrita no aviário,
Dada à prova desgostosa da língua que lamenta ,
O sabor de todos os bons sabores da sabedoria,
Saber que não se perde no sabor da especiaria,
Condimento atrevido de um doce verso solitário,
E mais versos salgados com igual doce ousadia,
Acepipes inelutáveis de um poético glossário!...
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Acho que a fantasia inicial de quem se propõe comentar o “Sabor” é chegar a uma conclusão definitiva do que seja o gosto. Para mim, essa fantasia, ou essa poesia, suscitada pela enorme variedade de interpretações disponíveis sobre ele, o gosto, já dificulta bastante chegar a algum consenso.
ResponderEliminarEntretanto, atenta às particularidades de cada um, ou à minha, como leitora d’Alma, suas causas, seu amor, seus dedos, sua entrega ou sua busca, logo perdem o foco da atenção à dúvida para se tornar uma certeza. Seu percurso me leva sempre para dentro do poema, mas é longe dele e condicionada pelas minhas próprias experiências que sua influência se manifesta em mim. E tanto na vida pessoal, como profissional, consigo promover mudanças significativas.
Entre o saber o sabor, a poesia. É preciso ser sensível à própria sensibilidade. Comover. Fazer chorar. Fazer sorrir. Causar prazer. Levar ao êxtase. À admiração. À dor. Ao gosto. Também ao desgosto.
Dos sabores, doce às vezes, refrescante, outras, e, picante, muitas vezes, a poesia d’Alma me ensina que é possível experimentar minha leitura com variadas formas de redação, ou comentário, porque compartilho do mesmo sentimento pelo qual ele, ainda que nossas culturas sejam divergentes, bem como o nível de intelectualidade, foi motivado a escrever seus poemas.
O suporte social que o poema oferece, é comparado ao clima que acompanha uma refeição com amigos e familiares. Ao mesmo que tempo que relaxa e conforta, também alimenta, e, através de todo o ritual que é reservado à preparação do cardápio, estimula cada vez mais o prazer de desfrutar de uma refeição saudável em boa companhia. Depois a sesta, uma excelente oportunidade de relaxamento. E reflexão.
Dessas semelhanças, ou dessa opção, prazer ou gosto, sua origem, suas temáticas, seus versos, sabores e dissabores, odores e paladares, referenciando o conhecimento como forma de difusão, numa literatura atual e pertinente à realidade, depende nossa história de amanhã e a possibilidade de consolidação dos ideais de uma poesia mais justa, mais humana, mais igualitária, e por que não, mais saborosa.
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Bom fim de semana, A.
Sim!
ResponderEliminarUm muito bem explorado
poético glossário!...
Saudações minhas!