quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Cansaço



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 Por cada triste fatalidade,
Mais e mais o desiludia a Esperança,
Sente que o tempo é tempo que cansa,
É desanimador ser manipulado pela idade,
Sem alento achava que o tempo era uma falsidade,
Foi sempre no dia seguinte que procurou a confiança,
   Cada momento sempre tivera uma certa semelhança...
Ontem ficaram por lá os olhos cheios de ansiedade,
 Hoje perdido no firmamento que não alcança,
Sente que o tempo cada vez mais o cansa,
Já não tinha certeza se humilde era a realidade,
Ou se toda a certeza no dia seguinte era uma lembrança,
Como navalhada na memória que não cicatrizava com a humildade,
   Essa espera da porta aberta que cansa!...

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2 comentários:

  1. O que escreve, pode ser um sentimento seu, mas pode ser meu, pode ser dele, dela...e de muitos.
    Toca-me profundamente. É forte.

    Cansa-se. Cansa-se de tantas coisas, da vida, e até de nós mesmos.

    E ficamos sentados junto aos pássaros (a imagem está fantástica) neste desalento que inqueta, que incomoda, que às vezes imobiliza...os pássaros vão voar, faz parte da natureza deles...e nós? Ficamos querendo voar...e voamos por outros meios, e criamos outros mundos, e esperamos criarmos algum tipo de asas que nos leve a voar...

    Para que serve o desalento, a inquetação? Para nos ensinar a voar..para nos impulsionar na vida, para rodar a vida...para abrirmos ou fecharmos portas, para irmos ou ficarmos....mas para nunca deixarmos de acreditar, de sonhar, de fazer....que é o nosso voar.

    abraço

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  2. "Cansaço", se do dedo ou do corpo, ou da própria vida, e que descansa, agora, em companhia dos pássaros, ou dos corvos, é uma lição, na arte de cultivar a poesia reflexiva, provinda do impulso criativo de cunho filosófico, focada na transitoriedade da vida marcada pelo permanente questionamento em compreender o mundo, e do mundo, o que, às vezes, não tem explicação. Nem solução. Restando apenas a espera. E a esperança, de que uma porta se abra. Talvez para a eternidade. Sem lembranças. Ou memórias. Longe da dor.

    Seria apenas um poema. A mais. E alguma poesia. Não fosse a simbologia do corvo aliada à imaginação das reticências.

    A Alma, como uma estrada cheia de bifurcações, ou entrelinhas, transcende a realidade dos versos e das rimas, e pouco a pouco a poesia revela-se como um lugar conhecido e me leva por um caminho que é um exercício moral para dentro de mim mesma. Porque conheço o desamor, a dor, o desalento, o frio. E a frieza. A espera que cansa. E o desespero. Das portas que se fecham para nunca mais se abrir. E as outras, que ficam ali, abertas, à indiferença.

    Mas também conheço lugares que me confortam. E palavras que me abraçam como se fossem braços. E é aqui, nesse chão que a letra maiúscula da palavra 'esperança' personifica esse lugar na minha vida. Na poesia que é capaz de se solidarizar com o pouco, ou tudo, que a vida nos oferta. Ou nos rouba. Em tempo. Ou bens.

    d'Alma me ensina com seus versos a administrar a razão de uma vida. Cansada. Ainda que me reste, como companhia, não os versos, que não sei escrever, nem mesmo ler, mas os corvos.

    E fico com a simbologia.

    ¬

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