sábado, 16 de junho de 2018

Nostalgia (Beleza da Tristeza e da Saudade)

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Nunca a nostalgia fora tão pura,
Quase sem vida da noite e do dia,
Sofrimento sem dor, dor e anestesia,
Perda, saudade sem doença nem cura,
    Saudade de tão cheia, de tudo vazia!...

No útero da asfixia, oxigénio indolor,
Alimento do tempo, tempo e cordão,
 Um silêncio fecundo, prenhe de amor,
O pressentimento do parto e da dor,
A sombra prestes da vida, a desilusão,
    E a ilusão de uma saudade anterior!...

Quase saudade de tudo e de nada,
Nunca a nostalgia fora ilusão tão pura,
Memória futura de uma vida passada,
Lágrima do silêncio, em silêncio abafada,
    Doença que doença nunca fora tão cura!...

Tão leve e quase tristeza,
Uma alegria quase triste,
Saudade de tanta beleza,
     Que à tristeza não resiste!...
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sábado, 26 de maio de 2018

Vinho de Amigos

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Bebia sempre sozinho,
Bebia com alguma mágoa,
Havia muitos amigos do vinho,
    Em fundos copos vazios de água!...

Saboreio momentos de carinho,
Em que embalo o copo na mão,
Beijo-o com alma e coração,
E por ele já tão caidinho,
Levo um empurrão,
  E caio do vinho!...


É viva minha sede de vinho,
Mato minha sede com água,
Triste sóbrio, acordo sozinho,
    Afogado numa triste mágoa!...

Vamos brindar,
Amigos do vinho,
Até o vinho acabar,
Amigos, vamos cantar,
Vamos beber devagarinho,
   Vamos fazer a amizade durar!...

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quinta-feira, 24 de maio de 2018

Flor das Reticências

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Via com admiração,
O fim e sua continuação,
Talvez contínuas desobediências,
À natureza das cores das hortênsias,
O princípio do caos e de toda a ilusão,
Sem Deus com as suas preferências,
Pelo limite da contínua criação,
   Entregue às reticências,
   Das flores ou não!...

Desde então
O amor não mudou,
E se eco algum entoou,
Talvez o eco da cega religião,
Ou o apelo da natureza e razão,
Que também Deus quis e continuou,
Ponto por ponto no coração,
  De cada ponto que ficou,
       Fossem flores ou não!...

Três incertos pontos certeiros,
Sem fim e contínuo quebranto,
Pontos sagrados de crendeiros,
Uns, até certo ponto carneiros,
Outros, flores reais, nem tanto,
Flores sem cheiro nem espanto,
Até certo ponto, algo certeiros,
Esperança sem fim por encanto,
    Incertos, é certo, e verdadeiros!...

Muito perto de nós, perto do fim,
No fim de cada ponto nos pomos,
  Pontos tão certos ou assim, assim…
 E continuamos a ser o que somos,
O ponto final de onde nos fomos,
    Reticências em flor, nosso jardim!...

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