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Nunca a nostalgia fora tão pura,
Quase sem vida da noite e do dia,
Sofrimento sem dor, dor e anestesia,
Perda, saudade sem doença nem cura,
Saudade de tão cheia, de tudo vazia!...
No útero da asfixia, oxigénio indolor,
Alimento do tempo, tempo e cordão,
Um
silêncio fecundo, prenhe de amor,
O pressentimento do parto e da dor,
A sombra prestes da vida, a desilusão,
E a ilusão de uma saudade anterior!...
Quase saudade de tudo e de nada,
Nunca a nostalgia fora ilusão tão pura,
Memória futura de uma vida passada,
Lágrima do silêncio, em silêncio abafada,
Doença que doença nunca fora tão cura!...
Tão leve e quase tristeza,
Uma alegria quase triste,
Saudade de tanta beleza,
Que à tristeza não resiste!...
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