sexta-feira, 16 de março de 2012

Insegura...

Vê-se-lhe a criança semeada pela Vida,
Dizem que é Bem-se-quer ou Margarida,
Num belo jardim descoberto pela felicidade,
Há flores a dizer que é um rebento sem idade,
Flor exalando a terra fresca de roseira florida,
Sem espinhos sente-se flor de beleza ferida,
  Desenfeitada por aquela agreste lealdade...
Sentia-se-lhe o perfume da filha perdida,
De uma sensível pétala agradecida,
E de outras pétalas tão suas que a faziam flor,
lábios entregues ao desvelo de seu amor...
Renascia por cada pétala renascida,
Reagindo com ansiedade,
Ao beijo de sua vontade,
E de um certo renascer sonhador,
Que não a fizesse flor vencida,
Com a sensação da necessidade,
De ser flor protegida,
  Pelos espinhos da saudade...
Abraça-se-lhe seu primaveril olor,
Perfume de Inverno em despedida,
Do velho espinho protector,
Escol delicado de ser ela,
Delicadeza sempre bela,
   Em sua e sempre dor!...
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terça-feira, 13 de março de 2012

Vulcão...

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A uma distância discreta da flama viva do teu olhar,
Ateio meus olhos em fogo atrás do fogo que te consome,
Vejo arder de desejo incógnitas brasas no teu corpo sem nome,
Lábios incontidos mordem-se na insaciável vontade de te beijar,
Quando pressentes a língua que sente tua língua de fogo queimar,
Abandonas-te à lenta lava incandescente que o teu desejo come,
E saboreias a chama dos momentos que incendeiam tua fome,
    Até à erupção que por extasiados momentos te vai saciar!...

Ardes com prazer intenso nesse fogo interno,
Quando te vais do medo de tuas asas inflamar,
    E te vens com o calor das asas do inferno!...
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sábado, 10 de março de 2012

Na Pdocura...

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“Estive com todas onde estiveste,
À espera que nunca mais voltasses,
Todas elas me deram o que me deste,
Mas jamais alguma fez o que me fizeste,
Desaparecida fosses quando pensasses,
Em fugir de todo teu Amor se amasses,
Quem te queria e sempre quiseste,
     Sem querer que com elas ficasses!...

E se é por ti que sempre passo por lá,
Pelas tuas entre-coxas onde tu não estás,
Talvez entre teu ninho que a mim não se dá,
Por respeito ao prazer ausente que por ti se faz,
É também pelo regozijo que deste por quem está,
Ainda à espera que pelos desejos delas te soltes,
E que pelo teu desejo ao desejo delas te dás,
Esperando para que só por ti não voltes,
E mesmo que por mim não te vás,
Não voltas para que eu não me vá,
Como se pedisses que por ti eu fique por cá,
      Fazendo-te presente na ausência que te trás!...”

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Baseado na eterna luta,
Do surpreendente Amor verdadeiro,
De um educado e sensível cavalheiro,
Pelo Amor dedicado a uma doce puta,
Que por Amor mudou a sua conduta,
     Deixando de dar prazer por dinheiro!...

Ainda hoje continua a sofder,
Aquele Homem que pdocura em todas as putas,
   A Mulher que por ele, puta deixou de ser!...

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quinta-feira, 8 de março de 2012

Violoncelo...

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Das quatro longas cordas do violoncelo cansado,
Baila-me a voz serena de uma distante melodia,
Vem aninhar-se comigo e adormece a meu lado,
Sonhando meus sonhos entre os zigs do passado,
E seus zags amenos embalados na suave sinfonia,
Balbucio pleno de emoção a gemer na harmonia,
Aninar leve no ondular de meu sono sossegado,
    Afagado pelo arco em zig-zags de branda Poesia!...

Adormeço enlevado num sorriso adormecido,
Vão adormecendo as cordas no arco da madrugada,
    Acordo a solfejar com um sorriso agradecido!...
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terça-feira, 6 de março de 2012

feio...



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A beleza é subjectiva,
Coisa feia, coisa linda,
Ou até mais feia ainda,
Superficial análise intuitiva,
Ainda que mais feia não possa ser,
Há sempre algo mais feio,
Um bojeço pelo meio,
Torpeza imunda difícil de conter,
Mais feio ainda do que possa parecer,
Odre seboso de peçonha cheio!...

Gordos, muito gordos e formosos,
Magros, muito magros e famosos,
Pobres, muito pobres de olhos findos,
Ricos, muito ricos e todos lindos,
Belos ricos, muito belos e charmosos,
Feios pobres, muito feios e piolhosos,
Todos eles são bem vindos,
Espreitam na porta os pobres curiosos!...

Pobreza é feio combustível,
Da máquina solidária em andamento,
Sobre os despojos do consentimento,
Consentindo a fealdade possível,
Beleza em decomposição apetecível,
Apodrecendo no pensamento!...

Feio, feio, é ser-se feio,
E gostar de o ser,
Repugnante sem receio,
Ser-se tão feio e o merecer!...

Pele de seda bem tratada,
Fina seda bem vestida,
Indumentária de marca apropriada,
Ostentação pela miséria alimentada,
Para o anúncio da esmola prometida,
Promessa linda da riqueza amiga,
Vintém de escárnio para o pobre,
Mapa do tesouro para o nobre,
A pobreza de sua dignidade coibida,
Verdade feia do pobre escondida!...

Subjectiva é a beleza,
A indigência é um rosto perfeito,
Perfeita é a pobreza,
Mina de ouro para o Direito,
Justiça deleitada em macio leito,
Berço de oportunista fraqueza,
Mostrengo de egoísta avareza,
Instituição de caridade posta a jeito,
Para o rico toda a riqueza,
Para o indigente nada feito!...

Mas, feio, feio, é mesmo o feio,
Tão feio que feio se vê,
Ao ver-se feio de tão feio,
Sabe que é feio sem saber porquê;
Talvez nem seja tão feio assim,
ou até um pouco mais,
O mais feio dos animais,
De todos eles o mais ruim,
Descaro de ruindade feia sem fim,
Vendido a quem lhe paga mais,
Veneno à mesa de ricos comensais!...

A beleza é subjectiva,
Para a mentira pode ser muito feia,
Para a verdade feia e meia,
Para ambas uma feia atractiva;
Beleza da pele admirável que cativa,
Derme que esconde varicosa veia,
Falsa beleza de muita podridão cheia!...

Feio, por mais feio que o seja,
Pode ser lindo aos olhos de quem o deseja,
Para os olhos dos olhos é o que parece,
Mesmo que pareçam olhos de inveja,
São olhos da Alma do qual padece!...

Feio, feio, é ser-se feio,
E gostar de o ser,
Repugnante sem receio,
Por ser-se tão feio e o merecer!...

Feios, feios, são pessoas sem coração,
Pessoas a apodrecer na cara feia de sua razão!...
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segunda-feira, 5 de março de 2012

Belo...

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Subjectiva é a beleza,
Coisa alinda, coisa linda,
Ou até mais linda ainda,
Análise intuitiva da delicadeza,
Ainda que mais linda não possa ser,
Há algo de ainda mais lindo pelo meio,
Uma flor em oferta difícil de conter,
Mais linda do que possa parecer,
   Um jardim de magia cheio!...

Gordos, muito gordos e amorosos,
Magros, muito magros e garbosos,
Pobres sem pobreza de olhos vindos,
Ricos ou pobres, belos de tão lindos,
Belos ricos, muito belos e charmosos,
Pobres belos, muito belos e formosos,
Todos , sem condição, são bem vindos,
   Dançam juntos tão felizes e curiosos!...

Beleza sem condição é belo combustível,
Da bela máquina solidária em andamento,
Movida com alegria do melhor sentimento,
Sentindo e dando a sentir a alegria possível,
Beleza imparável em reinvenção apetecível,
   Florescendo com a beleza do pensamento!...

Belo, belo é ser-se lindo,
E gostar de o ser,
Admirar seu sorriso, rindo,
  Ser-se belo e o merecer!...

Pele de pele bem lavada,
Cada um em sua pele bem vestida,
Indumentária humana consagrada,
Ostentação pela felicidade alimentada,
Partilha alegre da alegria prometida,
Promessa linda de riqueza amiga,
Rizo de prazer para o pobre,
Igual riso para o nobre,
Verdadeira riqueza consentida,
   Verdade bela pela vida exibida!...

Subjectiva é a beleza,
A igualdade é um rosto perfeito,
Cotrações perfeitos em sua leveza,
Força da natureza a bater no peito,
Batendo docemente em macio leito,
Leito de tão nobre riqueza,
Mantendo aquela chama acesa,
   Para que pela bondade tudo seja feito!...

Mas, belo, belo, é mesmo o belo,
Tão belo pelo que não se vê,
Ao não ver-se belo de tão belo,
Dizem que é belo sem saber porquê;
Talvez nem seja tão belo assim,
Ou até um pouco mais,
O mais belo dos animais,
O mais belo odor do jasmim,
   Flores belas no mais belo jardim!...

A beleza é subjectiva,
Para a verdade é muito bela,
Na verdade é beleza à janela,
Sorriso belo de beleza atractiva,
Beleza da admirável pele que cativa,
Derme que não esconde a poética veia,
   Verdadeira poesia de beleza cheia!...

O belo, por mais belo que o seja,
Pode ser belo aos olhos de quem deseja,
Para os olhos dos olhos é o que parece,
A beleza dos olhos de quem almeja,
   Olhos da alma que a alma oferece!...

Belo, belo é ser-se lindo,
E gostar de o ser,
Admirar seu sorriso, rindo,
   Ser-se belo e o merecer!...

Belos, belos, são pessoas com coração,
   Rejuvenescendo no rosto belo da razão!...
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quinta-feira, 1 de março de 2012

Quem viu...

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...e lá seguiu,
Diz quem o viu,
Seguindo o infinito sereno,
Levando consigo o doce veneno,
   Que entre as flores conseguiu!...

Diz quem a viu,
Que a meiga flor ali ficou,
À espera do amor que floriu,
No encontro que nunca existiu,
    Com o beijo que a envenenou!...

...e lá seguiram,
Sem ninguém os ver,
De mãos dadas com o anoitecer,
Cada um com o adeus que vestiram,
Levando a promessa de não esquecer,
O sorriso que florescia ao amanhecer,
    Pelo desejo que por ambos despiram!...

...e diz quem os viu,
     Que nunca eles se viram!...
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Estatueta


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Juntaram-se vestidos a rigor,
Para receberem o que cada um merecia,
A farsa esvoaçava com a leveza da borboleta,
Realidades pagavam fictícios direitos de autor,
Efeitos visuais são pagos com irreal louvor,
E para o cúmulo maquilhado de ironia,
O prémio é atribuído pela hipocrisia,
Argumento resgatado da gaveta,
Histórias fascinantes sobre o planeta,
E das fronteiras hipócritas caídas por Amor,
Aos pés das divas que representam com alegria,
As mágicas máscaras personificadas por falsa dor,
Morrendo de prazer no orgasmo de mais uma orgia,
Embalada pelas melosas notas de uma velha cançoneta,
Vencedora anunciada sem que precisasse de se impor,
Para conquistar a distinção da dourada estatueta!...

Juntaram-se todas as partes da verdade,
Para consagrar a celebração da hipocrisia,
Choram as lágrimas que riem da realidade,
Sejam elas de profunda tristeza ou alegria,
Até o antigo preto e branco tem a ousadia,
De competir com pés de suposta igualdade,
    Contra as mesmas cores vivas da maioria!!!...

Juntaram-se os donos da guerra e do dinheiro,
À volta de um rentável fingimento tão cobiçado,
Promotor Óscar para o grande sonho dourado,
 As histórias do sacrifício de um meigo cordeiro,
Desempenhado por curtida pele de lobo inteiro,
Que tanto tem deixado o público impressionado,
   Alvo atingido pelo objectivo texto do roteiro!...

Escondido da escuridão do cinema,
Protejo-me da obscura luz da televisão,
Leio as críticas de minha clara conclusão,
Concluindo censuras do mesmo esquema,
Que vai continuando a fazer valer a pena,
    A crescente revolta humana da desilusão!...

Há um eterno filme inacabado,
De crua verdade que nua encerra,
Festivais sobre o destino da Terra,
E de quem é um pobre segregado,
Por quem sempre foi escorraçado,
   Os intérpretes senhores da guerra!...

É sobre a cor viva do sangue que escorre,
Que a mentira de uma passadeira vermelho vivo,
É breve passagem de sangue para o brilho decisivo,
Momentos capturados pelo flash da imagem que corre,
Ao encontro da notícia impressa sobre a verdade que morre,
    Juntando-se à mentira do conceito convenientemente relativo!...

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Juntaram-se nas...
 Histórias que são sempre mutáveis,
Quando o poder reescreve a história,
   Imposta às opiniões mais violáveis!...

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Estrela e o Pentágono


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Três segmentos de três rectas,
Urdiram um polígono perfeito,
Foram estabelecidas as metas,
Cumpridas por ordens diretas,
Diretas aos corações no peito,
Das Nações parasitadas a eito,
Pelas novas democracias afectas,
Às ordens cumpridas a preceito,
Por “lobys” de seitas secretas!...

O segundo polígono revelou-se implacável,
Sobrepondo-se ao primeiro triângulo alterável,
Dispondo exteriores vértices unidos em hexágono,
Blindaram o coração do mais diabólico pentágono,
    Projecto da histórica besta para ser impenetrável!...

Não foi difícil a Karl Marx imortalisar seu vaticínio,
Produto sem valor de uma imaginação fantástica,
Para os candidatos ao império era teoria plástica,
Os silenciosos segmentos traçados no raciocínio,
Surgiriam das mentes sombria... subtis,
Estranhos poderes de ideologias novas... Nazis,
A saúde decadente é vítima em massa de assassínio,
Segmentos rígidos de origem elástica,
Seis rectas divinas e iguais seis das mais vis,
Unidas pela ambivalência da histórica ideia eclesiástica,
     Abriu-se a estrela fechada à vantajosa cruz suástica!...

Há um novo abate humanitário em construção,
Que aperta o cerco aos consumidores doentes,
No estômago da cerca há uma terminal infecção,
Inseminações capitalistas,
De Sociais Nacionalistas sem nação;
São eliminadas as fraquezas de raças diferentes,
Pelos filhos inventados em histórias provenientes,
Da Nova Ordem em proliferação,
Capitalismo de germes convenientes,
Semeados por campos de concentração!...
   
É certo o sacrifício oferecido à Humanidade,
Despedaçando o ferido coração da verdade,
A sequela do Holocausto reinventa a história,
A raça pura escreve para apagar da memória,
O sangue de irmãos sacrificados sem piedade,
Pelos seus irmãos sedentos da divina victória,
   Congénito Fratricídio de ancestral maldade!...

Assim chegamos ao poder dos impérios,
À reivenção do Holocausto e seus mistérios,
Dos seis segmentos e outros tantos triângulos,
Herméticos de qualquer que sejam os ângulos,
Seis polígonos de três vértices e três lados,
Perfeitamente combinados,
No segredo dos equiângulos,
Com a cruz de pontos quebrados,
Entre os mais desumanos critérios,
Protegidos por corruptíveis magistérios,
Segmentos desses monstros imaculados,
Que vão enterrando nos nacionais cemitérios,
    A esperança dos humanos desumanizados!...

No plano global foi traçada uma nova diretriz,
 Enquanto os cucos do império pôem ovos em Paris,
Falcões de guerra chocam a ordem em ninho alheio,
Na América do velho sonho prometido esgotou-se o veio,
Há muito que as garras imperiosas rasgaram veios da Flor-de-lis,
Entretempos foram chocando intrigas de morte pelo meio,
Manipulando o traço do destino traçado de mais um país,
   Que tem a identidade a perder-se bem no seu seio!...

Adeus Síria, adeus velho Irão,
Olá assassina globalização,
Crimes vergonhosos de encantos mil,
Olá rico Brasil,
Estás na lista da destruição,
Os cucos sedentos já cavaram seu covil,
     Nos recursos naturais do teu coração!...
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Máscara e Carnaval


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Com uma faca corroída por velha ferrugem,
Dilacerou metade do rosto já cansado de si,
Uma parte deforme chora pela outra que ri,
Meias caras das caras-metades que urgem,
  Riem das deformidades disfarçadas por aí!...

Há uma parte equivalente à metade risonha,
A chorar da parte asquerosa coberta de riso,
Uma é parte do pesadelo que a outra sonha,
Sendo, ambas, sonho de uma parte medonha,
   Falsas partes corroídas  pela perda do juízo!...

Se uma boa parte à outra parte não leva a mal,
A outra parte não sabe que de sua parte fazer,
Uma parte é parte que a outra já deixou de ser,
Sejam partes mascaradas de consciência carnal,
Ou partes cegas dos olhos no rosto do Carnaval,
São máscaras escondidas na dificuldade de ver,
    Olhar que não reconhece sua imagem como tal!...

Quem já não experimentou máscaras descaradas,
Que dão ao pó-de-arroz a cara por mentirosas verdades,
      Esse que reduz a pó a mentira de verdades mascaradas?!...

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