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Juntaram-se vestidos a rigor,
Para receberem o que cada um merecia,
A farsa esvoaçava com a leveza da borboleta,
Realidades pagavam fictícios direitos de autor,
Efeitos visuais são pagos com irreal louvor,
E para o cúmulo maquilhado de ironia,
O prémio é atribuído pela hipocrisia,
Argumento resgatado da gaveta,
Histórias fascinantes sobre o planeta,
E das fronteiras hipócritas caídas por Amor,
Aos pés das divas que representam com alegria,
As mágicas máscaras personificadas por falsa dor,
Morrendo de prazer no orgasmo de mais uma orgia,
Embalada pelas melosas notas de uma velha cançoneta,
Vencedora anunciada sem que precisasse de se impor,
Para conquistar a distinção da dourada estatueta!...
Juntaram-se todas as partes da verdade,
Para consagrar a celebração da hipocrisia,
Choram as lágrimas que riem da realidade,
Sejam elas de profunda tristeza ou alegria,
Até o antigo preto e branco tem a ousadia,
De competir com pés de suposta igualdade,
Contra as mesmas cores vivas da maioria!!!...
Juntaram-se os donos da guerra e do dinheiro,
À volta de um rentável fingimento tão cobiçado,
Promotor Óscar para o grande sonho dourado,
As histórias do sacrifício de um meigo cordeiro,
Desempenhado por curtida pele de lobo inteiro,
Que tanto tem deixado o público impressionado,
Alvo atingido pelo objectivo texto do roteiro!...
Escondido da escuridão do cinema,
Protejo-me da obscura luz da televisão,
Leio as críticas de minha clara conclusão,
Concluindo censuras do mesmo esquema,
Que vai continuando a fazer valer a pena,
A crescente revolta humana da desilusão!...
Há um eterno filme inacabado,
De crua verdade que nua encerra,
Festivais sobre o destino da Terra,
E de quem é um pobre segregado,
Por quem sempre foi escorraçado,
Os intérpretes senhores da guerra!...
É sobre a cor viva do sangue que escorre,
Que a mentira de uma passadeira vermelho vivo,
É breve passagem de sangue para o brilho decisivo,
Momentos capturados pelo flash da imagem que corre,
Ao encontro da notícia impressa sobre a verdade que morre,
Juntando-se à mentira do conceito convenientemente relativo!...
*
Juntaram-se nas...
Histórias que são sempre mutáveis,
Quando o poder reescreve a história,
Imposta às opiniões mais violáveis!...
Desempenhado por curtida pele de lobo inteiro,
Que tanto tem deixado o público impressionado,
Alvo atingido pelo objectivo texto do roteiro!...
Escondido da escuridão do cinema,
Protejo-me da obscura luz da televisão,
Leio as críticas de minha clara conclusão,
Concluindo censuras do mesmo esquema,
Que vai continuando a fazer valer a pena,
A crescente revolta humana da desilusão!...
Há um eterno filme inacabado,
De crua verdade que nua encerra,
Festivais sobre o destino da Terra,
E de quem é um pobre segregado,
Por quem sempre foi escorraçado,
Os intérpretes senhores da guerra!...
É sobre a cor viva do sangue que escorre,
Que a mentira de uma passadeira vermelho vivo,
É breve passagem de sangue para o brilho decisivo,
Momentos capturados pelo flash da imagem que corre,
Ao encontro da notícia impressa sobre a verdade que morre,
Juntando-se à mentira do conceito convenientemente relativo!...
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Juntaram-se nas...
Histórias que são sempre mutáveis,
Quando o poder reescreve a história,
Imposta às opiniões mais violáveis!...
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A dinâmica de uma cena real encenada pela hipocrisia atenta contra a consciência coletiva para dar voz à realidade de um contexto atual e assim, “Estatueta” é mais que um simples enunciado poético. É um convite à poesia que convive no contraste entre um cenário de celebridades egocêntricas e o mundo real.
ResponderEliminarPelo tema, d’Alma observa, opina e não aponta nenhum caminho. Pela beleza, mas sem saída, a poesia resiste à hipocrisia do meio social em franca decadência. Pelo desapontamento, a crítica se faz ouvida e sentida. Dói. A falta de credibilidade na própria humanidade me faz questionar que mundo é esse, ainda que, com poesia.
E encontro como resposta que apenas pela poesia que surge para inquietar, contestar, denunciar o egoísmo e a hipocrisia, e exigir um posicionamento que não se resume a um fenômeno exclusivamente de ordem poética ou não poética, mas humanista, em sintonia com a humanidade e suas causas, seus anseios e suas dificuldades.
Se a forma é alterada, é porque a poesia d’Alma, transfigurada, ao contrário dos troféus ofertados, impõe sua condição como arte e marca um momento decisivo na história do espetáculo, pretendendo atingir, quem sabe, um público igualmente diferenciado.
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