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Gosto de envelhecer com as palavras que
nunca envelhecem,
Quase gosto de não ser conhecido pelos
que me conhecem,
E pelos outros que pudessem gostar de me
conhecer!...
Leio-os entre as poucas palavras que
acontecem,
Conhecem-me pelo gosto em não me ler,
Não leem sobre a vida acontecer,
E, vazios de mim… desaparecem!...
Gosto de adivinhar secretas leituras,
Das palavras revindas e das que nunca
partiram,
Gosto das palavras eternas e das eternas
loucuras,
Escrevo-me de alma nua em memória de
velhas diabruras,
E aspiro cada partícula de pó que a pó
memórias se reduziram,
Procuro-me na roupa das palavras que se
despiram,
Visto cada palavra em que vejo velhas
ternuras,
Dispo-me da velhice com que se vestiram,
E rejuvenesço palavras sem amarguras!...
Não sabem lidar com o que não sou…
As palavras dos que se escrevem
envelhecidos,
Escrevo nas palavras que não sei porque
Ele perdoou,
-Mas sei!...
Não escreveu Ele direito o que o homem
entortou?!...
Há sempre quem escreva sobre os perdões acontecidos,
Há sempre quem escreva sobre os perdões acontecidos,
Perenes, palavras e causas são a causa de
alguém que condenou,
Precede a palavra condenada, à inocência dos
condenados e perseguidos,
Mas nunca seguidos,
Aos
olhos sociais da lei!...
E, envelhecendo, eu aqui estou,
Lidando com palavras dos não lidos,
Ainda a sorrir para as palavras que te dei,
Só minha palavra, muito minha, não te
dou,
Palavras de minha palavra com que
fiquei!...
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Ao fracionar as letras da palavra, o Poema “Palavra do que Lido” enfatiza a iluminação, ou a luz, no lugar dos mitos, ou dos enigmas; a verdade, ao contrário da opinião, ou dos achismos; e a paisagem, como janela do saber, e a habilidade em tocar a alma sensibilizando-a: Poesia. E Arte.
ResponderEliminarAs palavras... e como tudo começou.
Meu primeiro contato com a Poesia d’Alma foi em KrystalDiVerso, com o Poema “Réquiem”, que havia sido publicado em 06.06/2009, uma data que, por alguma ironia do destino, ou sabe-se lá porquê, é marcada por uma fatalidade familiar de grande proporção e consequência na minha vida. Tudo escorria, e tudo vazava. Entretanto, o excesso de palavras, em sua maioria desconhecidas por mim, me atingiu em cheio, e me desfez, tanto que levei dois dias para me atrever a comentar o Poema, e, naquele tempo, por mera retribuição a um comentário que ele havia deixado num espaço em que eu era uma das administradoras.
Um começo que me impôs à organização de um corpo em desespero, e solidão, e mesmo assim, fracassei. Um fiasco de comentário num amontoado de palavras que até hoje me envergonho.
Meu segundo encontro também foi surpreendente, e igualmente catastrófico, foi com o Poema “A Pedrinha”. E eu mal sabia como, pelo menos, escrever a palavra ‘Krystal’! Trocava letras e desprezava a presença de maiúsculas e minúsculas n presença de “KrystalDiVerso”. Parecia estar condenada à prisão perpétua da ignorância!
Foi um acontecimento. Um acontecimento seguido de muitos outros fracassos. E igualmente digno de vergonha.
Teimosa, ou masoquista (ainda não consigo definir minha persistência em ler e comentar os Poemas de António Pina), prosseguia na minha leitura. A janela, ou o palco, como mais tarde passei a nomear o espaço de DiVerso, me causava fascínio, admiração e medo, ao mesmo tempo. Um medo que, até hoje, confesso não ter perdido.
Outros Poemas vieram, e outros desafios. Até que um dia, por algum motivo que desconheço, decidi ‘ler’ as palavras alinhavando-as com as imagens, e foi assim que passei a experimentar a Poesia de DiVerso, ou de Krystal, ou melhor dizendo, de KrystalDiVerso.
Eu não sabia o quê era um verso, ou uma estrofe, nem sabia estabelecer diferenças entre poesia e poema! Para ser franca, nem sabia que eram diferentes. Só mais tarde é que descobri que aquilo que os Poemas me provocavam era Poesia. A Poesia que a vida inteira eu busquei dentro de mim e que, por pura falta de conhecimento, eu não conseguia encontrar.
E então, que me dei conta de que o palco, apesar de toda a consistência, tinha o poder de abalar meus alicerces. E a vida, a minha vida, misturada àquelas imagens e paisagens, escorregava com intensidade por entre aqueles versos, e estrofes pontuadas por suas reticências e exclamações que atravessavam os ouvidos e arrepiavam a pele, desorganizando tudo que julgava ter sob controle.
Escrever, ou comentar, a partir de uma sensação, passou a ser natural. Uma vez dentro da pele, para sempre sensação.
E foi assim que a Poesia de KrystalDiVerso, mais tarde de d’Alma, passou a povoar minha existência.
Talvez pela data, ou pela véspera, de outra data igualmente sensível às minhas memórias, ou pela presença de um Poema que me convida a passear de mãos dadas com aquilo que reconheço da poesia de António Pina, abro essas aspas, sem a preocupação de fechá-las.
Porque aprendi que, aqui, o tempo da Arte é contado numa inversão proporcional à construção de novos mundos, novos saberes e, por que não referir, a novos humanos. Errôneos, pecadores, desajustados, e infelizes humanos. Humanos que caminham, não como opositores às linhas, e sejam elas da Criação [“ Não escreveu Ele direito o que o homem entortou?!...”]ou da criatividade, mas no sentido contrário da ‘palavra’ que tanto serve de acalento, como reflexão, ou simplesmente de expressão de dor. Ou palmatória. Ou mesmo, calor humano, como a ‘Pedrinha’, que, pelas mãos hábeis do Poeta, por mais força de vontade e determinação, nunca deixará de ser de vidro. Barato.
[Continua]
[Continuação}
ResponderEliminarQuando a palavra, enquanto força motriz de um tema poético, passível de compreensão, dá vida à imaginação, e, com a Poesia, a realidade e a fantasia unem-se na construção de uma imagem que realiza a verdade e a razão, se estabelece a comunhão entre linhas paralelas. Porque tudo que d’Alma faz/escreve/provoca está relacionado com o caráter disperso de nossas experiências, e num instante a Vida é direcionada para um novo Mundo, e um íntimo processo de reconstrução se inicia.
E sobre descobertas e revelações, ainda tenho a dizer que a minha paixão pela Poesia d’Alma é pelo Amor que ela desperta em mim e pela sensibilidade que desconhecia ser possível encontrar.
E tudo isso só porque a “Palavra do que Lido”, em união com vogais e consoantes, na formação de versos e estrofes, existe, e resiste indiferente ao contexto que a envolve.
Obrigada, António Pina.
Boa noite,
ResponderEliminarMeu comentário, pelas configurações do Blogger, não foi aceito de uma só vez, por isso, precisei dividi-lo.
Coincidência ou não, aqui também fraciona-se a palavra.
Interessante!
Quanto ao limite do número de palavras, eu também não sabia que eles eram impostos!... Por vantagem, hehehehe... fico com três comentários em vez de um!...
ResponderEliminarQuanto ao seu comentário, Teresa Alves, deixou-me de boca aberta e queixo caído!!!!!!... Haver alguém que confessa tamanha importância da poesia em sua vida, faz de quem escreve essa poesia, alguém que está muito longe dessa poesia que elabora com a naturalidade de quem sente, mas, que não está à espera que a sintam ou compreendam!!!!!!!!!... Receber um elogio desta natureza, é... é poesia!!!!... Só não sei se d'Alma merece tal comentário.
Bem haja por gostar de Poesia, dos Poemas de Krystald'Alma e do que ela pretende significar!...
A.braço