.
.
.
Governado por muito roubar,
Levou o rico desgoverno a decidir,
Mais um santo dia para o povo trabalhar;
De uma tristonha segunda à feliz sexta-feira,
Dia algum sente falta de isenção da primeira feira,
Logo a seguir há o sábado e o domingo
para acalmar,
Antes de segunda, há mais um dia
descontado por contar,
Um desses longos dias sem descanso inventados
para descontar,
O oitavo dia das novas semanas mais
longas e a dedução a extorquir,
Já registado em mais uma das muitas
inconstitucionalidades a constituir,
Da constituição composta por desiguais medidas de austeridade a consagrar!...
Nada há para fazer nos gabinetes congestionados
pelo vazio onde nada se faz,
Pagam-se mais de doze meses ao ano, mais
as férias a troco de nada fazer,
Depois de tanto descanso, são belos os
dias que nos cansam de prazer,
Somos capazes de enganar a inexistência
do trabalho mais incapaz,
Ainda que a função não exista,
engendra-se uma defesa tenaz,
Luta-se pela falta de trabalho como
trabalho útil a receber,
De um momento para o outro há uma
esperança fugaz,
Juízes nebulosos juram a velha
constituição defender,
Outros piores defendem o empobrecimento
eficaz,
E o espírito da pobreza que não quer
entender,
Pede explicações à política mais mordaz,
Acabando de rastos ao pé do poder!...
E vá-se lá procurar saber,
Como desta pobreza sair,
Se os há a querer entrar,
Pensando em enriquecer,
Sem pensar em contribuir,
Com o que hão, de roubar!...
*
Procura-se um óptimo emprego,
Procura-se um óptimo emprego,
Que esteja distante de qualquer trabalho,
Dá-se como garantia a promessa de total apego!...
.
.
.
... entretanto o desgoverno cairá nas ruas
ResponderEliminarou nas pontes