quinta-feira, 8 de março de 2012

Violoncelo...

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Das quatro longas cordas do violoncelo cansado,
Baila-me a voz serena de uma distante melodia,
Vem aninhar-se comigo e adormece a meu lado,
Sonhando meus sonhos entre os zigs do passado,
E seus zags amenos embalados na suave sinfonia,
Balbucio pleno de emoção a gemer na harmonia,
Aninar leve no ondular de meu sono sossegado,
    Afagado pelo arco em zig-zags de branda Poesia!...

Adormeço enlevado num sorriso adormecido,
Vão adormecendo as cordas no arco da madrugada,
    Acordo a solfejar com um sorriso agradecido!...
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1 comentário:

  1. Compondo uma poesia que entrelaça música e dança, sonho e sono, toda a envolvência do poema “Violoncelo...” em confluência com sua serenidade, levou-me a pensar na minha história de vida com os poemas d’Alma. Talvez pela geografia que diferencia o sonho da realidade, e que, entretanto, afina-se tão bem à poesia, ou então porque o que se aloja no silêncio das metáforas é justo o espaço da partilha.

    Minha leitura, anterior ao meu comentário, condicionada pela minha vida e pelos meus sentimentos, me permitia pela primeira vez experimentar o mesmo estado poético que envolvia o poema. O violoncelo, as cordas e o arco conferiam ao poema musicalidade e restauravam a harmonia que tanto buscava. O que nascia de seus sentires e fazia o percurso entre a razão e emoção, porque a Alma sempre oscila entre uma e outra, brotando de seus dedos, ávidos e apressados, e ganhando expressão à criação de sua arte, permitia que eu me voltasse àquele lugar, essa coisa que, e parece que sei tão bem, quando d’Alma fica em poesia por dentro, também vira poesia.

    E se antes, pela história que vou travando com os poemas d’Alma, de busca, de conhecimento e de entrega, de surpresa e encantamento, agora, por uma questão mais fisiológica que estética, nesse devir de enredos, complexos em suas temáticas e combinações inimagináveis, dou-me conta de que esse sentimento, ou esse estado poético, é isso mesmo, essa costura, ou esse laço, recompensa do sonho adormecido de uma narrativa que abraça os movimentos de vai-e-vem, com todos aqueles versos ziguezagueando sobre o poema e fluindo numa melodia rítmica em bem estar.

    A sua poesia!

    Cumprimentos, d’Alma.


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