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O fim do tempo que nosso tempo de mãos abertas aguardou,
Como se de um tempo de todos os tempos nosso tempo se tratasse,
Por cada tempo que no tempo passou e parado no tempo aguardasse,
Aguardando naquele tempo o tratado que pelo tempo o tempo tratou,
Acordo temporário gravado na Esperança que no tempo perdido gravou,
Esperanças temporãs do tempo na espera que o tempo se fecundasse!...
E o tempo que sempre passa,
Passa por não ser o tempo pelo qual teu desejo passou,
Passando por ser tempo escondido de nova Esperança traída,
Não passa de adiado tempo passado por momentos de fé vencida,
Vencendo os mesmos momentos que o tempo de ti e por ti se guardou,
Guardando teu resguardado tempo que no tempo certo do tempo se libertou,
Voando nas asas do tempo em adejado voo sobre tua hora prometida!...
Mas tudo que do tempo resta é a silenciosa profecia caída em graça,
Desgraçada na ideia calada do tempo de sempre que passa!...
São bem vindas chaves de ouro que brilham no tempo fechado,
Promessas feitas de olhos fechados aos dourados cadeados do tempo,
Fechaduras intemporais dessas palavras prisioneiras em celas de vento,
Brisas que deslizam nas goelas de um passageiro por alguém arrebatado,
Descrente de tudo na crença do nada é falsa volta de pião desatinado,
Rodopiando no avesso do sentido contrário à mágoa de desalento!...
Fechaduras de mil línguas que dos tempos fantásticos se servem,
Portas fechadas que de tempos a tempos prometiam abrir-se ao alento,
Do último dia, volta o primeiro de onde as mesmas dúvidas se erguem!...
Mas tudo que do tempo resta, é a silenciosa profecia caída em graça,
Desgraçada na ideia calada do tempo que passa!...
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Nem Natal nem Ano Novo e ainda faltam alguns dias para a Páscoa. Entretanto, “Tempo...”, tem em aquele jeitinho de poesia que se faz presente através da renovação do tempo indiferente à época, pelo poema e todos os seus anexos.
ResponderEliminarNão há conflitos, nem incertezas. E se dúvida, natural, apenas pelo inesperado adiantado das horas que caminha em direção da memória presente do passado que não ‘guarda’, mas ‘aguarda’ somando na experiência presente da fé, a esperança de RE-novar, sem se preocupar em antecipar o futuro. Certo ou incerto.
Suscitando a reflexão, d’Alma possibilita que minha leitura seja feita de forma que eu consiga retirar de seu poema um sentido para minha própria vida. E penso no quanto isso é maravilhoso! No quanto essa leitura, que pode ser torta ou paralela, pouco insana, muito insana, mas que muito me ensina, umas vezes movida pelo afeto poético, outras vezes nem tanto, e sempre de forma inesperada, que sem compreensão não há aprendizado.
Indicador do tempo, o relógio tem suas horas contadas e em algum momento ele vai submergir. É fato. E isso é maior que a força da gravidade, maior que a física, que a química, que a matemática, mecânica ou geografia.
Só não é maior que a poesia d’Alma.
Feliz Primavera, d’Alma.
Tempo..Horas Madrastas...Horas diferentes...23 anos...tempo, tempo, tempo...a vida é feita de muitos tempos, de muitas estações, de muitas horas, de muitas vidas, de ciclos...
ResponderEliminarAchei a imagem do poema Horas Diferentes belíssima. Ah, me transportou.
A sua escrita lembra o brincar de gangorra (não sei se conhece), hora em cima, hora embaixo...ela me passa essa oscilação, uma inquietação, creio combinar com o título do blog d'Alma.