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Dentro do teu vislumbre que te mira,
Desmaia uma fraca verdade enganada,
Iludida pelos olhos oscilantes da mentira,
Indecisos entre aquele teu olhar que ruíra,
E o amplo horizonte de tua vista arruinada!...
Teus olhos cansados vão continuar a mentir,
Aos olhos teus tão cheios de um olhar insano,
A verdade que te mente não é causa de dano,
Nem teus olhos que te olham vão saber fingir,
Que não vêm a tua verdade que estás a omitir,
Mentirosos olhares de tua cegueira e engano!...
A verdade é que por muito que não tentes,
O espelho que te mostra o avesso da verdade,
Ilumina-te com os reflexos de tua cega vaidade,
Reflectida na mentira do engano que desmentes!...
Julgo, sem falsa ironia,
Não enganar-te nem estar enganado,
Ao dizer que talvez seja este o teu dia!...
Parabéns!...
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A imagem. As imagens. Quem somos. Quem gostaríamos de ser. Como os outros nos veem. Como os outros nos imaginam. Como os outros gostariam que fossemos.
ResponderEliminarA imagem. As imagens. Quem somos? Quem gostaríamos de ser? Comos os outros nos veem? Como os outros nos imaginam?
A imagem. As imagens. Refletidas nos espelhos. Nos espelhos da vida. Nos espelhos dos dias. Nos espelhos dos relacionamentos. Nos espelhos da consciência. (para os que tem).
A imagem. As imagens. Reais. Fantasiadas. Idealizadas. Deturpadas. Deformadas. Projetadas. Sublimadas.
A imagem. As imagens. Verdades ou mentiras?
Nestas páginas já li muito dedo apertado à ferida que em vez de conter a hemorragia, mais dor e sangue dela surgiam, mas nada se compara à leitura de “Mentira...”. Não pelo sofrimento, que esse, acomodando-o à minha medida e adequando-o à admiração pela poesia d’Alma, resulta sempre em aprendizagem, mas porque faz da verdade um princípio ameaçador e da mentira um fim exterminador.
ResponderEliminarO que pode parece ser fácil falar assim, ou depreender assim, torna-se extremamente desconcertante pela sublime ironia dos contrários que o poema trabalha. Verso e reverso de uma poesia que, sem revelar-se como fraude, ou propaganda enganosa, torna real, ou visível, uma cópia fiel à original marcada pelo desafeto entre a realidade e a aparência de uma imagem refletida [“A verdade que te mente não é causa de dano,”]. Miragem!
E nunca a mentira fora contada de maneira tão serena, e deliberadamente verdadeira. A arte do engano não consiste em escrever certo por linhas tortas. Isto é outra coisa! Ela consiste, porque é d’Alma, em refletir a imagem real de uma verdade que deixa de ser mentira, ou uma aparente mentira, para se tornar realidade. Sem engano, afinal, a imagem real e a refletida pertencem ao mesmo corpo.
Também a poética que a de seu dono, ou Poeta, não foge à regra. Nem a moral. Ética e virtude.
Boa semana.
É a mentira, a não-verdade, a imagem que queremos ver...sem ser...
ResponderEliminarMuito há neste poema...muito há nesta"Alma"!
Tinha saudades tuas....
BShell