segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Máscara e Carnaval


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Com uma faca corroída por velha ferrugem,
Dilacerou metade do rosto já cansado de si,
Uma parte deforme chora pela outra que ri,
Meias caras das caras-metades que urgem,
  Riem das deformidades disfarçadas por aí!...

Há uma parte equivalente à metade risonha,
A chorar da parte asquerosa coberta de riso,
Uma é parte do pesadelo que a outra sonha,
Sendo, ambas, sonho de uma parte medonha,
   Falsas partes corroídas  pela perda do juízo!...

Se uma boa parte à outra parte não leva a mal,
A outra parte não sabe que de sua parte fazer,
Uma parte é parte que a outra já deixou de ser,
Sejam partes mascaradas de consciência carnal,
Ou partes cegas dos olhos no rosto do Carnaval,
São máscaras escondidas na dificuldade de ver,
    Olhar que não reconhece sua imagem como tal!...

Quem já não experimentou máscaras descaradas,
Que dão ao pó-de-arroz a cara por mentirosas verdades,
      Esse que reduz a pó a mentira de verdades mascaradas?!...

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3 comentários:

  1. Se a fantasia e a poesia, na demarcação de suas fronteiras e territórios, aproximam-se uma da outra mantendo suas características diferenciadas e, sem alguma sugestão de encenação como estratégia, ou tema, apenas pela necessidade de expor seus limites mais viscerais e de apresentar uma face com um anverso pressupondo seu reverso, “Máscara e Carnaval” torna-se essencial à confissão ou à denúncia que convive com o explícito e o sublimar num mesmo fazer poético.

    Partes e metades, verdadeiras e menos verdadeiras, não são senão a corrosão da face e o fugir da alma. Uma poesia negativa, talvez, por outro lado, obviamente positiva. A quem possa interessar.


    ¬

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  2. ¬Digo:

    [...]que convive com o explícito e o subliminar num mesmo fazer poético.

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  3. [As dualidades
    fronteiriças
    de que somos feitos...]

    Abraço!

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