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Que se... fado,
Esse vosso sentimento viciado,
Que anda a enganar no estrangeiro,
Tristes espectáculos a troco de dinheiro,
Uma dor fingida que é engano desalmado,
Uma dor fingida que é engano desalmado,
De um Português sentimento degenerado!...
Do canto da Alma Portuguesa,
Ao contrafeito fado mercenário,
Vai o capitalismo revolucionário,
Ajustando cordas com esperteza,
Àquela voz mimada na nobreza,
Mas não à voz do povo solitário,
Que é fado de um fado solidário!...
Se foi este o destino traçado,
Da Saudade que nos vai no peito,
Então, com todo o merecido respeito,
Que se foda esse vosso fado!...
Uma fadista só no palco,
É estrela em pó-de-talco,
Boca de língua sem aval,
Fado decalcado lá do alto,
Saudade tão sentimental,
Que deixa em sobressalto,
A Alma deste Portugal!...
Anda o fado nas bocas finas do caviar,
Como se a voz do povo se tivesse finado,
Só as doutoras estão autorizadas a cantar,
Acompanhadas por guitarras de falso pesar,
Se a Saudade já é um sentimento vigarizado,
Então, que se foda a alegria do triste fado!...
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Eita Poeta!
ResponderEliminar…um Poema de pedra Rija!
Com efeito se Júlio Dantas soubesse deste "fado"…abandonaria a Severa embuçado nesta “sala”…
Desejo-te um bom fim de Semana daqui…
Quando leio d’Alma abro em mim todas as possibilidades que existem para permitir que o poema faça um percurso parecido com aquele que ele traçou para si. E assim, na tentativa de me aproximar do poema e dando-me a conhecer o seu mundo, que é também o nosso, refletido pela graça da linguagem que somente um grande escritor é capaz de modelar, um mundo que ainda não conhecia e sequer pensei que pudesse vislumbrar, é que encontro a poesia.
ResponderEliminarMas, confesso, já não tenho palavras para expressar minha admiração pela poesia d’Alma.
Ao mesmo tempo, a complexa diversidade das temáticas não se esgota e d’Alma surpreende com o poema “Que se fado...”, no dedo em riste a apontar à degradação do fado que vai de encontro aos seus princípios, e sejam eles, morais, éticos, e/ou culturais. Na constante preocupação com o nacionalismo e com a sua preservação, conjuga difusão cultural num timbre unificador de uma poesia, relacionando tradição literária com a historicidade do fado e transforma a matriz da inspiração poética num processo de metamorfose inventiva de grande intensidade emotiva, sensitiva e fadista.
E no mito cultural que é da saudade, mas na poesia que é d[a]lma, se antes era do mundo o conhecimento, agora é do sentimento, recíproco pela poesia que me toca.
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Lindo poema, d’Alma.
Forte e triste este fado onde em abismo fomos largados, onde a sina de sermos gente de um povo que vive de saudade, quando da realidade é mais negra que um passado reavivado com alma de poeta.
ResponderEliminarAN_DA_DO
ResponderEliminarZ... zangado
deu em desancar
o... fado!
UM FURO!
Isto não quer dizer nada,
a poesia tem destas coisas
As coisas num poema ficam
subitamente: mente súbita
Furar a folha e. Pensar
passar para o outro lado!
A_braços!!