.
.
.
Desejasses transvestir-te de tua lágrima contrafeita,
Oferecer tuas mágoas cantadas em côngios antigos,
Desejasses tu revestir-te de teus contrafeitos amigos,
Oferecer transbordos saudáveis de tua cúmplice maleita,
Desejasses teu abraço contrafeito que por ti se estreita,
Oferecer a razão directa de melancólicos desejos antigos!...
Desejasses o adiado beijo e teu desejo,
Desejo que por beijo meigo te beijava,
Beijasse a Esperança teu desejado pejo,
Desejando o beijo que um beijo amava,
Esse doce desejo que o beijo desejava,
Ao beijar teu coração num terno ensejo,
E o Amor por Amor se enamorava!...
Desejasses a morte que por ti morresse,
Matando teu desejo que por alguém viveu,
Desejasses a vida que por ti alguém volveu,
Vivendo do desejo que por ti se apetecesse,
Desejasses tu a derrota que por ti vencesse,
Vitorioso desejo que por alguém se perdeu!...
Escrevesse teu desejo uma rima de Amor,
Coma ternura delicada do Poema beijado,
Lesse teu sorriso um terno beijo desejado,
Nas pétalas felizes de uma rosa branca flor,
E tuas juras fechadas em páginas de alvor,
Seriam livro aberto do teu coração aliviado!...
Desejasses tu uma rima de Amor!...
Desejasses tu um Desejo!...
Desejasses tu esquecer tua Dor!...
.
.
.
.
.
.
Teve um momento que fiquei tonta com o ritmo da leitura, parecia que estava num carrossel.
ResponderEliminarTalvez seja isso, o ser humano é composto de desejos..e o desejo move a vida, arrasa a vida, mata vidas, roda a vida..
Helás!!
ResponderEliminar“Espreme-se” aqui desejos!!
O beijo atiçado p’las trevas, com o primor que só os Poetas conhecem...
Adia-se [agora] o sabor no exílio da "Tua" lenda desejada..
À lei do Beijo [in-fim] …o dilúvio... água “tal”…de-sem-boca na entrada versada…
T’Abraço Poeta
Apesar do desconforto provocado pela leitura do poema “Desejasses...”, seus versos chegam-me em forma de carícia, como um alento, ou um beijo, pelo poder que poesia d’Alma tem de combinar desassossego com sossego, utopia com sonho, e distância com proximidade, sem perder o foco do tema amoroso e solidário aos desejos que não são do corpo, mas do desejo que transcende a materialidade dos objetos desejáveis para se transformar em lições de vida, e me destituindo de minha posição de leitora, transporta-me para o uniVerso da poesia como cúmplice de um desejo recíproco que nunca deixará de ser apenas um desejo.
ResponderEliminarEnquanto o poema alterna-se pela sensualidade das imagens, as estrofes trabalham as imagens metafóricas da criação poética, onde, tanto o verbo, quanto o modo e o tempo verbal, são de hipóteses à realidade que não se concretiza, e pouco a pouco o poema vai se revelando, mas sem se mostrar por inteiro, porque, contrária à poesia que é da fantasia e da imaginação, o desejo também pode ser do prazer de apenas desejar. Sem que isso signifique uma limitação, ou uma condição restritiva, ao alcance do clímax poético que todo o escritor almeja [“Escrevesse...” / “Lesse...” / “Seriam livro aberto do teu coração aliviado!...”].
Porque a poesia d’Alma é um ato é de amor.
¬
¬
ResponderEliminarHá poemas que não nos deixam a alternativa, senão, a do silêncio, ou a da contemplação.
...num desejo que não passou de um desejo, mas por ter sido tão desejado nunca foi esquecido.
ResponderEliminar