segunda-feira, 25 de junho de 2018

Padres, Padrinhos e o Padrão


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Há um padrão,
Dito cujo e valor,
Medida de corrupção,
Sempre livre de suspeição,
Defendido com muito amor,
Pelo advogado, ilustre doutor,
Que trabalhando em associação,
   É no reino da injustiça, embaixador!...

Outros reinos, reinos de padrinhos,
Padrinhos de seus afilhados valorosos,
Com muito valor dizem deles, vaidosos,
E lá os levam bem aconchegadinhos,
Entre cunhas de panos quentinhos,
E dos olhos de muitos ranhosos,
Pelos eleitos feitos parvinhos,
  Afilhados muito rigorosos!...

São os padres um padrão
Fiéis seguidores da santa corrupção,
Escondidos em sagrados pergaminhos,
Arrebanham beatas desprezadas no chão,
Beatas fumadas pelo desejo do sacristão,
Que está proibido de beber o melhor vinho,
E de cobiçar o protagonismo da oração,
Coberto de intenso cheirinho!...


Padres e padrinhos são um padrão,
Daqueles que prometem todos salvar,
Tudo acaba com o fim do coração,
Que um dia há de parar,
Se o dia não parar primeiro;
Mas o padrão de comportamento,
De todos os pecados mortais prisioneiro,
Segue a equação conveniente do dinheiro,
E se outros pecados vêm ao pensamento,
Equaciona-se uma igualdade no momento,
    Em que o fingido parece verdadeiro!...

Tão verdadeiros são os afilhados,
Os padrinhos, o padrão e os padres,
Fingidores, verdadeiros compadres,
Seguidores dos padrões instalados,
Uns, em nome de Deus invocados,
    Ou devoção fingida das comadres!...

Pode o padre ser um padrão,
Padrão pode ser o padrinho,
    Só Deus sabe o que eles são!...

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sábado, 23 de junho de 2018

Uma a Uma até ao Fim

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Esquecidas de suas cores singelas,
Com suas cores tão tristes e velhas,
Haviam sido harmoniosas donzelas,
Belo fora o tempo passado por elas,
Das flores brancas, flores vermelhas,
     Flores para sempre e sempre belas!...

Pétalas vão caindo,
Há uma pétala sorrindo,
A última pétala de uma flor,
Desprende-se da derradeira dor,
Cai lentamente até ao tempo findo,
Sem pétalas, a sua beleza foi fugindo,
   Por cada pétala se foi findando o amor,
       Que por entre flores fora tão lindo!...

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sábado, 16 de junho de 2018

Nostalgia (Beleza da Tristeza e da Saudade)

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Nunca a nostalgia fora tão pura,
Quase sem vida da noite e do dia,
Sofrimento sem dor, dor e anestesia,
Perda, saudade sem doença nem cura,
    Saudade de tão cheia, de tudo vazia!...

No útero da asfixia, oxigénio indolor,
Alimento do tempo, tempo e cordão,
 Um silêncio fecundo, prenhe de amor,
O pressentimento do parto e da dor,
A sombra prestes da vida, a desilusão,
    E a ilusão de uma saudade anterior!...

Quase saudade de tudo e de nada,
Nunca a nostalgia fora ilusão tão pura,
Memória futura de uma vida passada,
Lágrima do silêncio, em silêncio abafada,
    Doença que doença nunca fora tão cura!...

Tão leve e quase tristeza,
Uma alegria quase triste,
Saudade de tanta beleza,
     Que à tristeza não resiste!...
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