domingo, 9 de outubro de 2011

Humanidade Suicida

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A ganância neste doente Planeta,
É uma doença que continua a alastrar,
Tumor maligno que ninguém quer curar,
Pulmão árido onde se extingue um cometa,
Genético sangue de tão modificada plaqueta,
Soros que fluem dos voos que se vão suicidar,
Asas caídas de uma coleccionada borboleta,
Longe dos olhos verdes de verde olhar,
Onde se esconde uma secreta violeta!...

O que é esta estranha Terra suicida,
Onde o capitalismo vive da caridade,
E o resto da Humanidade,
Morre perdida,
No significado da Vida,
Enterrada na soberba vaidade,
De cobrir-se com o ouro homicida,
E deixa morrer a bondade?!...
Morre a verdade,
Na vontade falsa de morrer,
O contágio vai continuar a crescer,
Um dia virá em que o capitalista viverá da piedade,
Dia que vive na mesma Terra onde vai nascer,
O princípio básico da igualdade!...

Mas como os habitantes deste estranho planeta não são de fiar,
É justo, por mais injusto que pareça, duvidar!....
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3 comentários:

  1. "E deixar morrer a bondade?!..."

    Morre-se e mata-se todos os dias. Pelos mais diversos motivos. As mais diversas mortes.
    A bondade se faz a cada instante. Nas pequenas coisas. Nos pequenos gestos. Um olhar, mata. Um tom de voz, mata. Uma mão não estendida, mata. Ou tamém poderímos dizer que um olhar, um tom de voz, uma mão estendida....ampara, salva, apoia.

    É feito falarmos de paz. A paz começa em nós, por nós, para o outro.

    E as ganâncias são muitas. E a forma de matar e de morrer também. E nem nos percebemos, matadores e morredores de um sistema. Ou de nós mesmos nos entrelaces dos dias, das diversas relações e atitudes.

    Do texto abaixo pinço- "Não perdoa!..." Não perdoar é também um causador de mal estar. Em nós, no outro, na humanidade.

    Ou posso pinçar a palavra verdade - Pelo que se entende de verdade se fere, se mata, se morre.

    Tudo tão entrelaçado. Bondade, verdade, amor, olhar o outro e a nós mesmo com um olhar mais brando, mais verde, ou mais azul, ou mais rosa...com mais luz, com mais doçura.

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  2. “Humanidade Suicida”, com foco temático na preservação do meio ambiente, constitui-se num poema de denúncia e alerta à prática antiecológica, onde a poesia cumpre com a responsabilidade social de informar e sensibilizar; fornecendo conhecimento para repensar nosso papel na sociedade e no planeta, d’Alma nos leva a refletir sobre a urgência de transformar essa realidade num planeta mais justo e habitável.

    A agressão humana à natureza transformou a terra num ambiente hostil e gravemente enfermo [“A ganância neste doente Planeta, / É uma doença que continua a alastrar,”]. A metáfora [“Tumor maligno que ninguém quer curar,”] não poderia ser mais apropriada, a degradação do meio ambiente compromete seriamente a qualidade de vida. Os versos seguem o mesmo percurso em comparação à patogênese da disseminação cancerígena [“Genético sangue de tão modificada plaqueta, / Soros que fluem dos voos que se vão suicidar,”], e se na literatura a metástase é vista como um novo tumor, definida como o ‘comprometimento à distância sem continuidade com o foco primitivo, com autonomia para propagação e crescimento’, na obra poética a dinâmica é a mesma. O sofrimento não é apenas humano, é generalizado e extensivo aos recursos naturais, e suas principais áreas de metaplasias são: o ar, a terra, o clima e a água.

    A imagem do desenvolvimento capitalista com potencial destrutivo é risco de morte à vida do ser humano e de todas as formas de vida sobre a terra [“O que é esta estranha erra suicida, / Onde o capitalismo vive da caridade,”], não basta ser consumidor. O questionamento exige uma exclamação [“E deixa morrer a bondade?!...”], nos maus tratos com a natureza está o espelho do caráter [“O contágio vai continuar a crescer,”], da personalidade, dos valores, dos sentimentos, dos hábitos e dos costumes. A falta de consciência com a preservação ambiental gera a má distribuição dos bens, [“O princípio básico da igualdade!...”] e à desigualdade social. Há quem morra de fome, mas há também quem morre de consumo excessivo.

    O prognóstico não é dos melhores [“É justo, por mais injusto que pareça, duvidar!...”], sem a participação da sociedade é impossível prever condições de melhorias, é preciso trabalhar políticas públicas de humanização e democratização, e principalmente, conscientizar a importância da cidadania ambiental.

    É imprescindível que cada um faça a sua parte. Não restam dúvidas de que a poesia d’Alma, ecologicamente coerente, fez com excelência a sua.


    ¬

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  3. … entre a Razão nos Poemas… lendo a branco em fundo negro. Sem meditar, sem mediar… salto para os comentários ou espero que apareçam. Não tento ter ideias próprias… as mais apropriadas parecem-me ser truísmos ou constructos onde se amalgamam todas as palavras, como se elas amacem ter um sentido etimológico e beber da lógica dum “primeiro sentido”. O meu primeiro sentido viaja a bordo da leitura e não desembarca no final, continua a espiral e sobe na hélice do parafuso sem fim na horizontal… tendo por continuidade a próxima leitura, que poderá ser amanhã :)
    Bom motivo para não apresentar outros argumentos, os momentos falam por si e, na leitura da Poesia, os melhores silêncios são os mais preenchidos.
    A_braços!!

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