sábado, 23 de junho de 2018

Uma a Uma até ao Fim

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Esquecidas de suas cores singelas,
Com suas cores tão tristes e velhas,
Haviam sido harmoniosas donzelas,
Belo fora o tempo passado por elas,
Das flores brancas, flores vermelhas,
     Flores para sempre e sempre belas!...

Pétalas vão caindo,
Há uma pétala sorrindo,
A última pétala de uma flor,
Desprende-se da derradeira dor,
Cai lentamente até ao tempo findo,
Sem pétalas, a sua beleza foi fugindo,
   Por cada pétala se foi findando o amor,
       Que por entre flores fora tão lindo!...

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sábado, 16 de junho de 2018

Nostalgia (Beleza da Tristeza e da Saudade)

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Nunca a nostalgia fora tão pura,
Quase sem vida da noite e do dia,
Sofrimento sem dor, dor e anestesia,
Perda, saudade sem doença nem cura,
    Saudade de tão cheia, de tudo vazia!...

No útero da asfixia, oxigénio indolor,
Alimento do tempo, tempo e cordão,
 Um silêncio fecundo, prenhe de amor,
O pressentimento do parto e da dor,
A sombra prestes da vida, a desilusão,
    E a ilusão de uma saudade anterior!...

Quase saudade de tudo e de nada,
Nunca a nostalgia fora ilusão tão pura,
Memória futura de uma vida passada,
Lágrima do silêncio, em silêncio abafada,
    Doença que doença nunca fora tão cura!...

Tão leve e quase tristeza,
Uma alegria quase triste,
Saudade de tanta beleza,
     Que à tristeza não resiste!...
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sábado, 26 de maio de 2018

Vinho de Amigos

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Bebia sempre sozinho,
Bebia com alguma mágoa,
Havia muitos amigos do vinho,
    Em fundos copos vazios de água!...

Saboreio momentos de carinho,
Em que embalo o copo na mão,
Beijo-o com alma e coração,
E por ele já tão caidinho,
Levo um empurrão,
  E caio do vinho!...


É viva minha sede de vinho,
Mato minha sede com água,
Triste sóbrio, acordo sozinho,
    Afogado numa triste mágoa!...

Vamos brindar,
Amigos do vinho,
Até o vinho acabar,
Amigos, vamos cantar,
Vamos beber devagarinho,
   Vamos fazer a amizade durar!...

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