quarta-feira, 13 de março de 2013

Liberdade Exprobratória



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A Liberdade de expressão é uma concessão ilusória, capaz de levar pequenos círculos de parvos a um estado de delirante gratidão e desarme, perante as mãos provisórias de um extenso círculo invisível de poucas pessoas, na certeza absoluta de ambos os círculos não terem o fim de linhas à vista!...
O Desafio tem por objecto,
Encontrar alguém que invista,
No consagrado direito que lhe dão,
Por troca de tida a liberdade expressiva,
Bem expressa na liberdade de expressão,
Exprimível direito ao alívio da acusação,
Por um qualquer expressivo activista,
Rosto da honestidade que resista,
     À imposta opinião decisiva!...
Os carneiros com direito à opinião e voto no rebanho, assustados pelos propalados dentes afiados do lobo, sempre com os olhos do pastor sobre elas, votam por unanimidade no cão que as guarda ou as entrega, por alegado descuido ou intenção!... Linhas invisíveis formam pastagens em círculo, tendo como limite o limite de outros círculos, à volta dos quais se ergue a alta voltagem do choque, em casos de opinião desfavorável ao cão e seu dono amado!...
É preciso manter o açúcar em ponto de tendências constantes,
Porque há direitos açucarados na doçura do rebuçado,
Rasurados pelos irresistíveis sabores exprobrantes,
Que permitem deitar à cara verdades com significado,
Todavia, em vias de ver-se tudo continuar como dantes,
Expressa-se a liberdade ao sabor de corruptíveis instantes,  
    Ignorando o verdadeiro rosto que devia ser exprobrado!...

Sabem de maior silêncio do que aquele que sai das mãos dadas dos bonecos recortados no seu papel em branco, vincado por milhões de pregas?!... De braços abertos e unidos pelas mãos, sem escolha, recortados às tesouradas azuis em vez do azul dos lápis que consagravam o valor da Palavra e das Palavras interditas a valores superiores a si mesmas e outras menores!...
Porque na verde esperança de círculos maiores,
Os pastos continuam nas mãos dos pastores,
Com prados verdes de amadurecidos favores,
E os lobos com focinho de cães atentatórios,
 Não passam de inexpressivos pormenores,
   Apagados por distrativos exprobratórios!...
Ainda não acreditam nos tabuleiros circulares onde contratos aleatórios são jogados à volta de um xadrez cercado por uma insaciável circunferência sem limites; chegados a esse ponto, como estado de coisas, todas as peças estão sujeitas ao raio das linhas que as atravessam, estejam elas no centro ou no limite impossível!... O diâmetro das ditas duras não se desvia da ditadura que dita as regras do jogo, por isso quer ir sempre mais longe, ao encontro do limite do círculo. Do preto para o branco, do branco para o preto em diagonais estranhas!... Continuam em não acreditar em tabuleiros de xadrez circulares que apertam o cerco aos peões empurrados para a frente da batalha?... Tudo se move em direcções diferentes mas só ao peão não é permitido regressar e acaba por andar às voltas sem sair de sua casa, também circular, com a cabeça à roda. Mais fraco, embora em maior número, esgota-se na obrigatoriedade de um movimento global!...
E é nos círculos doentes do tabuleiro,
Que o risco da doença e da cura são tal e qual,
Semelhante aos sedentos de poder e dinheiro,
    E às acusações deitadas à cara pelo mesmo mal!...

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sexta-feira, 8 de março de 2013

Fartura... (contentores)



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Três camarões grelhados,
Meia lagosta e um lagostim,
Foram aperitivos para o festim,
Tenros salpicões finamente fatiados,
Concorriam com queijos amanteigados,
E tostinhas integrais com caviar;
Havia salada para acompanhar,
Mas…
-Por mil esfomeados,
Onde raio está a salada?!...
Ainda pensou em protestar,
Mas com a noiva já casada,
A criança baptizada,
E a louça por lavar,
Achou conveniente perdoar!...
Saboreou carnes deliciosas,
Tenrinhas,
 E outras proteínas gostosas!...
Do peixe, nem as escamosas,
Ainda se lembrou de sardinhas,
E outras pobrezas vergonhosas,
   Palitou os dentes com as espinhas!...

Certo dia, porém,
Dormia ele tão bem,
Em seu sono modesto,
Acordou sobressaltado,
Pelo barulhento protesto,
Do seu estômago revoltado,
    E de alguns peidos também!...

   Havia algo que não batia certo...
     Ninguém no contentor habitual?!...
Saiu debaixo das folhas de jornal,
E já mais desperto,
Um pressentimento muito perto,
Foi prenúncio de tragédia nacional!...
O nó das tripas chegou-lhe ao coração,
Onde estava a sua rica refeição?!...
Onde estaria o lixo com fartura,
As ricas sobras e o pão?!...
Em seu redor tudo procura,
Uma pequena razão,
Em contentores cheios de loucura,
   E só encontram a fome pelo chão!...

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Perto do saco onde morreu um recém-nascido,
Há sombras jovens de recém-casados a mendigar,
Algures, há um pequeno gato que morre a miar,
Pegou no velho pensamento que trazia consigo,
E junto com a realidade escorrendo do olhar,
Ali mesmo deixou de ser mendigo!...

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terça-feira, 5 de março de 2013

Nabos.3 (Nabo que é nabo...)

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Os nabos são muito estimados,
São raízes lisas que votam de cruz,
Basta muita água para serem cultivados,
Já redondinhos são muito apreciados,
Por quem lhes promete muita luz,
Há quem goste deles bem crus,
Mas gostam de ser cozidos,
Cortados,
Fervidos,
Esmagados…
 Por quem os vai comer,
Depois de muito os cozer;
Sempre nabos agradecidos,
Muito fáceis de convencer,
  Sempre desiludidos…
Os nabos,
    Que são nabos!...
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